Mantém-se combate à privatização
As organizações representativas dos trabalhadores das empresas públicas de transportes que estão em processos de privatização e subconcessão recusam a ideia de que o caminho traçado pelo Governo é irreversível.
O apelo envolve organizações que já avançaram com uma data
Depois das lutas realizadas na semana passada, que terminaram na sexta-feira, com uma concentração frente ao Tribunal de Contas, seguida de desfile até ao Ministério da Economia, sindicatos e comissões de trabalhadores voltaram a reunir-se anteontem, por iniciativa da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações. Decidiram «em unidade construir na primeira quinzena de Julho uma jornada de lutas no sector, contra a privatização/destruição das empresas, pela defesa do serviço público, defesa dos postos de trabalho e dos direitos de quem trabalha», como informou a Fectrans/CGTP-IN, ao fim da tarde de terça-feira.
Nas conclusões da reunião, começa-se por reafirmar que «o presente ataque do Governo deve mobilizar a unidade de todas as organizações e de todos os trabalhadores das empresas abrangidas por processos de privatização em curso e/ou anunciados». Para tal, as organizações representativas resolveram propor «a todos os trabalhadores destas empresas e a todas as organizações, a realização de um dia de lutas na primeira quinzena de Julho».
Nos próximos dias, a data e o modo de participação na luta resultarão de «discussão com as estruturas de trabalhadores, empresa a empresa, na base das condições concretas, procurando juntar todas as forças».
A nota de conclusões especifica que «foi decidido analisar todas as datas que permitam a maior unidade possível, havendo vontade de concertar posições e articular a luta com todas as organizações, em particular as que faltaram à reunião de hoje e que anteciparam datas, desde que estas se disponibilizem para fazer uma discussão conjunta que una os trabalhadores e não os divida».
A Fectrans declarou o seu apoio à concentração que as organizações de trabalhadores da TAP marcaram para ontem, à tarde, na Praça Luís de Camões, bem como à greve de amanhã no Metropolitano de Lisboa.
No último dia da semana de luta, a federação garantiu que esta vai continuar e insistiu nos objectivos definidos para as jornadas anteriores: «Contra a liquidação/privatização da TAP, da EMEF e da CP Carga; Contra a subconcessão/privatização do Metropolitano de Lisboa, Carris, Transtejo, Soflusa, STCP e Metro do Porto; Contra a entrega a privados dos serviços lucrativos da CP; Contra a destruição da Refer na fusão com a Estradas de Portugal; Contra o roubo dos direitos dos reformados; Pela reposição da contratação colectiva nas empresas do sector; Por um serviço público ao serviço dos cidadãos».
Esta última série de acções começou com um plenário de trabalhadores da EMEF, dia 16, no Entroncamento, que no final saíram em desfile e cortaram a Linha do Norte por quase uma hora.
Na quarta-feira, 17, a greve na CP Carga teve uma adesão na ordem dos 90 por cento e a actividade ficou reduzida aos serviços mínimos.
O Metropolitano de Lisboa ficou encerrado, no dia 18, devido à forte adesão dos trabalhadores à greve de 24 horas. Nesse mesmo dia, foi anunciada nova paralisação para dia 26.
Na tarde dessa quinta-feira reuniram-se em plenário os trabalhadores da TAP e da SPdH, numa iniciativa das comissões de trabalhadores e dos sindicatos Sitava, Sintac e SNPVAC. Numa moção, aprovada por unanimidade, volta-se a denunciar a desvalorização de importantes activos da TAP, como os «slots» e as opções de compra de aviões A350, alertando que tais activos valem centenas de milhões de euros que poderão vir a ser usados como capital de entrada do consórcio Gateway na TAP.
Para problemas como este, em todas as empresas visadas, alerta-se na exposição que os representantes dos trabalhadores entregaram, dia 19, no Tribunal de Contas, reclamando que este «exerça as suas competências constitucionais com a profundidade, transparência e coragem que este processo exige». Foi entregue como carta-aberta e está publicado no sítio da Fectrans, porque o TdC não atendeu o pedido de reunião enviado com antecedência.