Nas ruas de Lisboa pelo futuro
É já depois de amanhã que pelo Marquês de Pombal, Avenida da Liberdade e Restauradores passarão muitos milhares dos que, todos os dias, resistem à exploração, ao empobrecimento e ao declínio nacional e lutam por um País mais justo, desenvolvido e soberano, na Marcha Nacional «A Força do Povo», promovida pela coligação PCP-PEV
A mobilização prossegue até ao último minuto
«Todos à rua por um Portugal com futuro!» Mais do que o lema da Marcha do próximo sábado, este é o objectivo que tem estado subjacente à mobilização que está a ser feita em todo o País: trazer à rua todos aqueles que, nas suas empresas e locais de trabalho, lutam em defesa do emprego, dos salários e dos direitos; os que reclamam a manutenção e melhoria dos serviços públicos nas cidades, vilas e aldeias do País; os que exigem reformas dignas, uma escola democrática e a possibilidade de trabalharem e viverem felizes em Portugal.
Muito foi feito, já, para fazer da Marcha «A Força do Povo» uma grande demonstração de protesto e, sobretudo, de confiança na possibilidade de um futuro melhor, de progresso e justiça social: centenas de milhares de folhetos distribuídos, milhares de cartazes colados e um incontável número de contactos individuais com familiares, amigos e colegas de trabalho ou de estudo. As televisões, as rádios e a generalidade da imprensa optaram por ignorar a iniciativa, mas a acção determinada dos militantes comunistas e ecologistas e de muitos democratas sem partido será mais forte do que qualquer manto de silenciamento que tentem lançar sobre a Marcha.
Como o Avante! revelou na semana passada, em várias localidades, as expectativas de participação foram há muito superadas e há largas dezenas de autocarros totalmente preenchidos para rumar a Lisboa. Por todo o País, estão a ser pintados panos e faixas com exigências particulares e aspirações gerais. Se fosse realizada hoje, a Marcha seria já grande, enorme. Mas nos dias e horas que faltam muito mais gente pode e deve ser convidada, convocada e mobilizada a participar. As razões são muitas. E justas.
A voz dos jovens
Da Juventude Comunista Portuguesa chegou à redacção do Avante! um texto sobre a Marcha e a mobilização que está a ser efectuada junto dos jovens:
«Que seja Agora! Queremos o que é Nosso!» Este é o lema que tem levado a Marcha «A Força do Povo» à juventude. Por todo o País, multiplicam-se acções de contacto e agitação, em torno da mobilização para o dia 6 de Junho. A JCP definiu mais de 300 locais de intervenção prioritária. Podemos afirmar que há uma boa receptividade às nossas propostas e que temos condições de continuar a mobilizar vontades para o apoio à CDU. Nos últimos dias muitos são os jovens que nos dizem estar de acordo connosco. Deixam o seu contacto e tomam a decisão de serem construtores da alternativa. Podemos afirmar que a ruptura com a política de direita está a ser construída nas escolas, nos locais de trabalho e nas ruas.
Por todo o lado vamos afirmando que a única coisa inevitável é a ruptura com a política de direita, e por todo o lado vamos dando voz ao descontentamento dos estudantes. É assim quando exigimos obras nas escolas e defendemos a cantina pública. É assim quando dizemos não aos exames nacionais e defendemos a avaliação contínua. É assim quando apresentamos propostas para acabar com as propinas e lutamos para que a Acção Social Escolar garanta igualdade no Ensino Superior. A única coisa inevitável é a ruptura com a política de direita. Porque a emigração forçada é consequência da destruição do sector produtivo. Porque os ataques aos direitos dos trabalhadores e às funções sociais do Estado servem para transferir o nosso dinheiro para a banca.
Quando apelamos à participação na Marcha, quando ouvimos a opinião de outros, quando destruímos «ideias feitas» ou quando desencadeamos uma acção de luta, a partir da mobilização para a Marcha, temos a certeza de que estamos a dar corpo à política alternativa e alargar o caudal de luta da juventude.
Passo a passo, vamos abrindo perspectivas e dando confiança à juventude. Vamos construindo uma grandiosa Marcha. Temos confiança para afirmar que esta será a maior manifestação, de reivindicação e proposta, alguma vez realizada no nosso País. Confiança e determinação, porque temos connosco a luta da juventude, os direitos de Abril e a força de quem resiste todos os dias.