Muitos milhares determinados no 1.º de Maio da CGTP-IN

Mais luta até ao voto

A in­ten­si­fi­cação da luta dos tra­ba­lha­dores, nas em­presas e ser­viços e nas ruas, uma forte par­ti­ci­pação cí­vica de todos os que acre­ditam numa so­ci­e­dade de pro­gresso e jus­tiça so­cial e a opção de voto nas le­gis­la­tivas foram as grandes li­nhas de acção para a rup­tura com a po­lí­tica de di­reita apon­tadas pela CGTP-IN no 1.º de Maio, em quatro de­zenas de lo­ca­li­dades.

Há que romper o gar­rote do Tra­tado Or­ça­mental e do Pacto de Es­ta­bi­li­dade

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Nas co­me­mo­ra­ções do Dia In­ter­na­ci­onal dos Tra­ba­lha­dores, a In­ter­sin­dical Na­ci­onal saudou os que estão em luta, al­guns fa­zendo mesmo greve neste dia, exortou à in­ten­si­fi­cação do com­bate nos lo­cais de tra­balho e apelou a que as ra­zões destas lutas de­ter­minem as op­ções de voto nas pró­ximas elei­ções le­gis­la­tivas, de forma a «der­rotar a po­lí­tica de di­reita e al­terar a cor­re­lação de forças na AR, para dar corpo à al­ter­na­tiva de es­querda e so­be­rana que per­mita re­tomar e con­so­lidar as con­quistas de Abril e co­locar Por­tugal no ca­minho do pro­gresso, do de­sen­vol­vi­mento sus­ten­tável e da jus­tiça so­cial».

A men­sagem deste 1.º de Maio foi ex­pressa numa Re­so­lução, apro­vada no final da ma­ni­fes­tação, em Lisboa, e cujo texto foi também acla­mado na ge­ne­ra­li­dade das ini­ci­a­tivas pro­mo­vidas pelo mo­vi­mento sin­dical uni­tário em 38 lo­ca­li­dades de todos os dis­tritos e re­giões au­tó­nomas, bem como nas in­ter­ven­ções do Se­cre­tário-geral da con­fe­de­ração, Ar­ménio Carlos, em Lisboa, e de de­zenas de di­ri­gentes da cen­tral, por todo o País.
Em letra de forma, a CGTP-IN alertou que «Por­tugal atra­vessa um dos pe­ríodos mais graves da sua his­tória» e res­pon­sa­bi­lizou «a po­lí­tica de di­reita, que foi se­guida pelos su­ces­sivos go­vernos nos úl­timos 38 anos», «pela re­cons­ti­tuição dos grupos mo­no­po­listas e pela des­truição do apa­relho pro­du­tivo», «pela pri­va­ti­zação e des­man­te­la­mento de em­presas e sec­tores es­tra­té­gicos» e «pela ali­e­nação de im­por­tantes par­celas da so­be­rania na­ci­onal».
A Inter lem­brou que, «no plano so­cial, são dra­má­ticas as con­sequên­cias da po­lí­tica de ex­plo­ração e em­po­bre­ci­mento, de­cor­rentes da apli­cação dos PEC do Go­verno PS e apro­fun­dadas com o pacto de agressão subs­crito pelo PS, PSD e CDS-PP», e des­tacou o de­sem­prego (que «atingiu ní­veis sem pa­ra­lelo», com a des­truição de 470 mil postos de tra­balho, entre 2009 e 2014, ele­vando para mais de um mi­lhão e 300 mil o nú­mero de tra­ba­lha­dores de­sem­pre­gados ou em su­bo­cu­pação, o que re­pre­senta uma taxa de 24,3 por cento) e a pre­ca­ri­e­dade dos vín­culos la­bo­rais (que sig­ni­fica «tra­balho sem di­reitos, ho­rá­rios des­re­gu­lados e de longa du­ração, baixas qua­li­fi­ca­ções, au­sência de va­lo­ri­zação pro­fis­si­onal e de pers­pec­tivas de car­reira» e que está com­pro­vada como «an­te­câ­mara para o de­sem­prego», pois é a causa de perda de em­prego apon­tada por 40 por cento dos novos ins­critos nos cen­tros do IEFP).
Dessa po­lí­tica de agra­va­mento da ex­plo­ração fazem parte ainda «o ataque à con­tra­tação co­lec­tiva e a con­tínua di­mi­nuição do peso dos sa­lá­rios e re­mu­ne­ra­ções no ren­di­mento na­ci­onal», que re­sul­taram das «su­ces­sivas re­vi­sões da le­gis­lação la­boral, com o ob­jec­tivo de der­rogar pela via le­gis­la­tiva normas fun­da­men­tais da con­tra­tação co­lec­tiva».
Para tal perda – mais de 17 mil mi­lhões de euros re­ti­rados aos tra­ba­lha­dores, como afirmou Ar­ménio Carlos – con­taram ainda o des­res­peito pa­tronal pelas con­ven­ções co­lec­tivas, a ten­ta­tiva de impor au­mento do ho­rário de tra­balho na Ad­mi­nis­tração Pú­blica, os cortes no valor do tra­balho su­ple­mentar, a re­dução de fe­ri­ados e de dias de fé­rias, o em­ba­ra­te­ci­mento dos des­pe­di­mentos.
 

Os dois do gar­rote

«Os mesmos que fa­bricam a po­breza, en­saiam agora novas me­didas para a manter e alargar», acusou o Se­cre­tário-geral da CGTP-IN, re­fe­rindo-se ao «Pro­grama Na­ci­onal de Re­formas» anun­ciado pelo Go­verno e avi­sando que os seus pro­mo­tores «não re­velam todas as suas in­ten­ções».
Nas ame­aças à Se­gu­rança So­cial pú­blica, uni­versal e so­li­dária, a Inter des­tacou os «tectos» para as con­tri­bui­ções e para o valor das pen­sões, de­fen­didos pelo Go­verno, e o re­gresso das in­ten­ções de re­duzir a TSU (taxa so­cial única), que também ocorre no do­cu­mento «Uma Dé­cada para Por­tugal», en­co­men­dado pelo PS.
Ambos os do­cu­mentos estão «mar­cados pelo gar­rote do Tra­tado Or­ça­mental e das ditas “re­formas es­tru­tu­rais”» e «na prá­tica, são passos para abrir novas portas no ataque aos di­reitos la­bo­rais e so­ciais».

Na Re­so­lução do 1.º de Maio, a CGTP-IN apela: «É pre­ciso romper com a po­lí­tica de di­reita que, em aberto con­fronto com a Cons­ti­tuição, tem con­du­zido o País para o abismo, vi­o­lado sis­te­ma­ti­ca­mente os di­reitos, li­ber­dades e ga­ran­tias dos tra­ba­lha­dores e posto em causa o normal fun­ci­o­na­mento das ins­ti­tui­ções»; e «é ne­ces­sário va­lo­rizar o tra­balho e os tra­ba­lha­dores, lutar pela al­ter­na­tiva po­lí­tica, de es­querda e so­be­rana, cons­truir um Por­tugal de fu­turo».
A men­sagem do 1.º de Maio foi muito para além do que ficou ex­presso preto no branco, na letra de forma da Re­so­lução e das in­ter­ven­ções.
Nas pa­la­vras de ordem gri­tadas e can­tadas e nas faixas e car­tazes trans­por­tados por mi­lhares de pes­soas dos dis­tritos de Lisboa e Se­túbal, que ob­ser­vámos do Martim Moniz à Ala­meda, tal como nos pu­nhos cer­rados e nos rostos que vimos em ima­gens do Porto, de Aveiro, de Coimbra ou de Gui­ma­rães, a en­frentar com sor­risos a chuva per­sis­tente dessa tarde, mas também do Alen­tejo, do Al­garve e de­mais re­giões onde o sol con­vidou mi­lhares para a luta na rua, en­con­trámos igual men­sagem de de­ter­mi­nação e de em­penho, tanto nas lutas do dia-a-dia, para travar cada passo da ofen­siva do ca­pital e do seu Go­verno, como na acção mais ampla, de todos os dias, para ar­rancar da so­ci­e­dade a ex­plo­ração pelas raízes.
Destas ima­gens, guar­dadas na me­mória dos muitos mi­lhares de pes­soas que es­ti­veram com a CGTP-IN no 1.º de Maio, pu­bli­camos uma amostra.

O en­godo do País me­lhor

«Não acei­tamos as falsas ine­vi­ta­bi­li­dades e não caímos no en­godo dos que nos dizem que, hoje, o País está me­lhor.
Tentam apagar a marca da sua go­ver­nação, a sua opção de classe e a sub­ju­gação às ori­en­ta­ções de uma UE su­bor­di­nada aos in­te­resses dos grandes países e dos grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros.
Como podem eles falar de su­cesso, quando des­truíram mais de 500 mil postos de tra­balho; quando temos um mi­lhão e tre­zentos mil tra­ba­lha­dores sem em­prego ou em su­bo­cu­pação e cen­tenas de mi­lhares foram obri­gados a emi­grar?
Como podem falar de su­cesso, quando há três mi­lhões de por­tu­gueses a viver abaixo dos ní­veis mí­nimos de dig­ni­dade, quando as cri­anças são a ca­mada da po­pu­lação mais afec­tada pela po­breza, porque o sa­lário dos pais já nem dá para comer ou porque o sub­sídio de de­sem­prego já acabou?
Que su­cesso é este, que des­truiu mais de oito mil mi­lhões de euros da ri­queza criada e fez a dí­vida pú­blica dis­parar para 130 por cento do PIB?
É esta a re­a­li­dade, es­pe­lhada em factos, dados e nú­meros que dão conta da de­vas­tação so­cial e da de­la­pi­dação eco­nó­mica im­posta pela po­lí­tica de di­reita ao povo e ao País.»

Da in­ter­venção de Ar­ménio Carlos, 
 Se­cre­tário-geral da CGTP-IN

 

Ânimo, con­fi­ança e es­pe­rança

O Se­cre­tário-geral do PCP, com uma de­le­gação dos or­ga­nismos de di­recção do Par­tido, acom­pa­nhou a ma­ni­fes­tação na Ave­nida Al­mi­rante Reis, du­rante al­guns mi­nutos, e des­filou de­pois até à Ala­meda, onde as­sistiu ao co­mício sin­dical. Em de­cla­ra­ções aos jor­na­listas, Je­ró­nimo de Sousa con­si­derou que es­tava a de­correr «uma grande ma­ni­fes­tação que, com o sen­tido da pro­por­ci­o­na­li­dade, é dos mai­ores des­files de 1.º de Maio na Eu­ropa e com cer­teza no Mundo», acres­cen­tado que «o sig­ni­fi­cado não tem a ver só com a par­ti­ci­pação ele­vada, mas com os con­teúdos e os ob­jec­tivos desta ma­ni­fes­tação, de­sig­na­da­mente o ob­jec­tivo de der­rotar a di­reita, de con­se­guir uma rup­tura e uma mu­dança na vida po­lí­tica na­ci­onal».
Ad­mitiu que, para as pró­ximas elei­ções, este 1.º de Maio «dá mais ânimo, dá muita con­fi­ança e muita es­pe­rança de que é pos­sível essa mu­dança, é pos­sível uma po­lí­tica al­ter­na­tiva, pa­trió­tica e de es­querda», pois «Por­tugal não está con­de­nado a esta po­lí­tica de sa­cri­fí­cios, de in­jus­tiças, de de­sem­prego, há outro rumo». Je­ró­nimo de Sousa re­cordou que o pri­meiro 1.º de Maio em li­ber­dade «ra­ti­ficou a Re­vo­lução de Abril», para as­si­nalar que de igual forma este 1.º de Maio «também sig­ni­fica ra­ti­ficar a es­pe­rança e a con­fi­ança em re­lação ao fu­turo».

 

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