Manifestação de 28 de Março em Lisboa
culminou «Juventude em Marcha»

Geração com futuro na luta de todos os dias

A ma­ni­fes­tação que as­si­nalou o Dia Na­ci­onal da Ju­ven­tude, no sá­bado, em Lisboa, foi o ponto alto de uma se­mana de in­tensa acção sin­dical de jo­vens e junto de jo­vens, a in­formar e mo­bi­lizar para a luta por tra­balho com di­reitos, contra a pre­ca­ri­e­dade e a ex­plo­ração. Foi também uma afir­mação de que muitos tra­ba­lha­dores mais novos estão a tomar o seu lugar na luta de todos os dias, contra as in­jus­tiças de hoje e pela mu­dança de Go­verno e de po­lí­tica, para re­tomar os va­lores de Abril e as­se­gurar me­lhores con­di­ções de tra­balho e de vida.

Até nas ofertas de em­prego do IEFP são des­va­lo­ri­zadas as qua­li­fi­ca­ções

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Para a Praça da Fi­gueira, ponto de en­contro para a etapa final da «Ju­ven­tude em Marcha – Tra­balho com Di­reitos! Contra a pre­ca­ri­e­dade e a ex­plo­ração!», jo­vens de todo o País trou­xeram faixas, car­tazes e pa­la­vras de ordem que, du­rante uma hora, es­ten­deram em ma­ni­fes­tação na baixa lis­boeta, abra­çando o Rossio e su­bindo pela Rua do Carmo até à Praça Luís de Ca­mões. «Está na hora de o Go­verno se ir em­bora», «Que­remos tra­ba­lhar, não que­remos emi­grar», «CGTP uni­dade sin­dical» ou «A luta con­tinua, Go­verno para a rua» foram al­gumas das frases en­to­adas ao longo do des­file. Pre­ca­ri­e­dade, dis­cri­mi­nação, ex­plo­ração, di­reitos, sa­lá­rios, fu­turo – foram das pa­la­vras mais car­re­gadas nas faixas dos sec­tores e re­giões.

De luta se tratou nas in­ter­ven­ções de Sérgio Sales e Ar­ménio Carlos, no Ca­mões.

O di­ri­gente da In­ter­jovem res­pon­sa­bi­lizou a «po­lí­tica tri­lhada pelo PS, pelo PSD e CDS» por obrigar a que o Dia Na­ci­onal da Ju­ven­tude seja um dia de luta, «para di­zermos a essa gente que es­tamos fartos de pre­ca­ri­e­dade, de de­sem­prego, de baixos sa­lá­rios, de ho­rá­rios des­re­gu­lados, de re­pressão e chan­tagem», bem como de «POCs, for­ma­ções, falsos re­cibos verdes e es­tá­gios não re­mu­ne­rados», «fartos de con­tratos-in­serção, fartos de emi­gração». Lem­brou que, abu­sando do tra­balho tem­po­rário, «as em­presas con­se­guem pagar cerca de 40 por cento a menos, em re­lação a um tra­ba­lhador efec­tivo, re­primem os tra­ba­lha­dores para tentar im­pedi-los de usar os seus di­reitos e des­cartam-nos quando bem en­tendem». Dos dados do INE, que re­gistam a des­truição de mais de 240 mil postos de tra­balho, desde 2011, Sérgio Sales des­tacou que «mais de 213 mil eram ocu­pados por jo­vens dos 15 aos 34 anos».

De­pois de re­cordar re­sul­tados de lutas dos úl­timos meses e de tra­ba­lha­dores que, como ele pró­prio, «or­ga­ni­zados e por acção dos seus sin­di­catos de classe, viram os seus con­tratos a termo pas­sarem a per­ma­nentes e hoje são tra­ba­lha­dores efec­tivos», as­si­nalou que «en­tram hoje estes tra­ba­lha­dores nas suas em­presas, de ca­beça er­guida, ani­mando e de­mons­trando que é com a luta, nas suas vá­rias formas, que os tra­ba­lha­dores con­quistam os seus di­reitos, e é exer­cendo-os que os de­fendem».

O Se­cre­tário-geral da CGTP-IN, por seu turno, co­meçou por su­bli­nhar a im­por­tância das ac­ções re­a­li­zadas du­rante a se­mana, para con­tactar mi­lhares de jo­vens em em­presas e ser­viços, es­cla­recê-los e ganhá-los para o com­bate pelos seus di­reitos e in­te­resses, o que cons­titui «a me­lhor res­posta ao Go­verno e ao pa­tro­nato». Ar­ménio Carlos ob­servou que também a po­pu­lação ex­pressou apoio à luta dos jo­vens.

Ao sa­li­entar o ob­jec­tivo de er­ra­di­cação da pre­ca­ri­e­dade e do de­sem­prego, alertou que a de­gra­dação da qua­li­dade do em­prego não é hoje apenas um pro­blema dos mais novos, mas atinge todos os tra­ba­lha­dores. A des­va­lo­ri­zação das qua­li­fi­ca­ções pro­fis­si­o­nais, que a CGTP-IN re­jeita e com­bate, é no­tória até em ofertas de em­prego di­vul­gadas pelo IEFP, acusou Ar­ménio Carlos, con­si­de­rando que, só por si, isto já jus­ti­fica a exi­gência de mu­dança de Go­verno e de po­lí­tica.

No­tando que, em ano de elei­ções, os jo­vens sabem que pro­messas foram feitas e re­co­nhecem as forças que traíram as ex­pec­ta­tivas de muitos, o Se­cre­tário-geral da In­ter­sin­dical frisou que se vive um mo­mento para in­ten­si­ficar a acção sin­dical e mo­bi­lizar ainda mais jo­vens para uma luta que é de todos os dias. Na di­nâ­mica forte com que é pre­ciso avançar, re­feriu as co­me­mo­ra­ções do 25 de Abril e apelou a uma grande par­ti­ci­pação da ju­ven­tude no 1.º de Maio, 125 anos de­pois das pri­meiras ma­ni­fes­ta­ções do Dia Mun­dial do Tra­ba­lhador.

 

So­li­da­ri­e­dade do PCP
em pa­la­vras e na acção

Para além da em­pe­nhada par­ti­ci­pação de muitos mi­li­tantes e sim­pa­ti­zantes do PCP e da JCP nas ini­ci­a­tivas re­a­li­zadas pela In­ter­jovem e pela CGTP-IN nestes dias da «Ju­ven­tude em Marcha», na ma­ni­fes­tação em Lisboa es­teve pre­sente uma de­le­gação da di­recção do Par­tido, com­posta por Fran­cisco Lopes (membro da Co­missão Po­lí­tica e do Se­cre­ta­riado do Co­mité Cen­tral e de­pu­tado à As­sem­bleia da Re­pú­blica), Paulo Rai­mundo (da Co­missão Po­lí­tica) e Rita Rato (de­pu­tada).
So­li­dário com a luta dos jo­vens e, em con­creto, os ob­jec­tivos desta jor­nada, o Grupo Par­la­mentar do PCP vai apre­sentar, nos pró­ximos dias, um pa­cote de me­didas de com­bate à pre­ca­ri­e­dade, pelo em­prego com di­reitos, anun­ciou Rita Rato. Em de­cla­ra­ções aos jor­na­listas, adi­antou que no Par­la­mento vão ser apre­sen­tadas pro­postas para que a um posto de tra­balho per­ma­nente cor­res­ponda um vín­culo efec­tivo, para a con­versão dos falsos re­cibos verdes em con­tratos de tra­balho, quando se trata de tra­balho su­bor­di­nado, e para um plano na­ci­onal de com­bate à pre­ca­ri­e­dade, com le­van­ta­mento de todas as si­tu­a­ções e con­versão de con­tratos pre­cá­rios em con­tratos efec­tivos.

 

Em marcha pelo País

A mo­bi­li­zação para a ma­ni­fes­tação na­ci­onal in­ten­si­ficou-se na se­mana pas­sada, com ini­ci­a­tivas em todos os dis­tritos, dando re­alce a em­presas e sec­tores com mais tra­ba­lha­dores jo­vens e onde são mais sen­tidos pro­blemas como os vín­culos pre­cá­rios e os sa­lá­rios baixos, agra­vados pela per­sis­tência de ele­vados ní­veis de de­sem­prego.

O ar­ranque da «Ju­ven­tude em Marcha», no dia 23, ocorreu em si­mul­tâneo nos dis­tritos de Faro e Lisboa, como re­fe­rimos no nú­mero an­te­rior. O ca­len­dário da In­ter­jovem in­cluiu, no dia 24, bri­gadas de dis­tri­buição de fo­lhetos na Enercon, em Viana do Cas­telo; na Bosch e Delphi, na Am­trol Alfa e na Le­o­nische, em Braga; nas câ­maras mu­ni­ci­pais de Vila Real e da Régua e na Kath­rein Au­to­mo­tive; na Fau­recia, no Con­ti­nente e no call center da PT, em Bra­gança; e no centro de aten­di­mento da PT, em Beja.

Na quarta-feira, 25, foi dia de «ro­teiro da pre­ca­ri­e­dade» em Viseu, con­tactos na Co­vilhã e Cas­telo Branco, dis­tri­buição de do­cu­mentos em Elvas e na Hut­chinson (Por­ta­legre), ple­nário no call-center da EDP na Guarda e con­cen­tração no Hos­pital Sousa Mar­tins. Em Évora, frente ao IEFP, numa con­cen­tração de manhã, chamou-se es­pe­cial atenção para a ex­plo­ração dos de­sem­pre­gados, através dos con­tratos CEI (em­prego-in­serção).

A 26 de Março, de­cor­reram ac­ções em São João da Ma­deira (centro co­mer­cial Oi­tava Ave­nida), Es­moriz (Cordex), Feira (con­cen­tração na Hu­ber­tricot, du­rante a greve de uma hora, por me­lhores sa­lá­rios) e Santa Maria de Lamas (con­tactos nas cor­ti­ceiras So­cori e Amorim & Ir­mãos); em Coimbra (no IEFP e no call-center da PT) e na Fi­gueira da Foz (na Co­fisa e em dois cen­tros co­mer­ciais); em Leiria, na Key Plas­tics, e em Pe­niche, na con­ser­veira ESIP; em San­tarém (na EDP Dis­tri­buição e nas Carnes Con­ti­nente) e Torres Novas (na base lo­gís­tica do Grupo DIA Mini Preço).

No dia 27, o «ro­teiro da pre­ca­ri­e­dade» no Porto marcou o Ar­rá­bida Shop­ping e o Hos­pital da Ar­rá­bida, a Vo­da­fone e o centro co­mer­cial Bom Su­cesso, a PT na Bo­a­vista e a fá­brica da Unicer.

Em Se­túbal, es­teve de manhã o Se­cre­tário-geral da CGTP-IN, com os tra­ba­lha­dores da Lis­nave e da Lis­nave Yards que des­fi­laram da Praça do Que­bedo até junto da Au­to­ri­dade para as Con­di­ções do Tra­balho, onde exi­giram fis­ca­li­zação efec­tiva para o pa­ga­mento do tra­balho su­ple­mentar pelo valor de­vido; e com tra­ba­lha­dores das au­tar­quias lo­cais e da Função Pú­blica (Ad­mi­nis­tração Cen­tral), que se reu­niram na Praça do Brasil e foram em ma­ni­fes­tação até ao IEFP, dando des­taque à exi­gência de que seja posto termo ao em­prego pre­cário e à ex­plo­ração dos de­sem­pre­gados, com con­cursos pú­blicos para ad­missão de quem de­sem­penha fun­ções per­ma­nentes e está com con­trato «em­prego-in­serção» (CEI). De tarde, de­cor­reram ac­ções na Au­to­eu­ropa, na Te­le­per­for­mance e no centro co­mer­cial Alegro.




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