Comboios param por salários
Os ferroviários alemães iniciaram no sábado, 18, a terceira paralisação nas duas últimas semanas e a de maior envergadura desde 2008.
A paralisação abrangeu todas as linhas do fim-de-semana, incluindo longo curso, transporte de mercadorias e ligações regionais e urbanas.
Entre outras reivindicações, o sindicato GDL, que representa os maquinistas, exige um aumento salarial de cinco por cento e uma redução da semana de trabalho de 39 horas para 37 horas.
No entanto, o poderoso sindicato que obteve em 2012 um aumento salarial de 6,2 por cento para o período de dois anos, apresenta agora as suas reivindicações não apenas para o universo dos 20 mil maquinistas, mas também para os 17 mil trabalhadores de bordo.
Para trás está um longo processo de luta marcado pelas poderosas greves de 1 de Setembro, de 7 e de 15 de Outubro, mas igualmente pela intransigência da administração da empresa pública Deutsche Bahn (DB), que pretende afastar nas negociações o GDL e entender-se com o sindicato EVG.
Já em 2010, esta foi a táctica da companhia ao assinar duas convenções colectivas: uma mais favorável com os maquinistas e outra com o EVG para o restante pessoal com condições inferiores.
Agora é o próprio direito de greve que o governo e o patronato pretendem atingir em nome da chamada «unicidade da negociação sindical».
Na realidade, a iniciativa visa afastar os sindicatos ditos de base, não filiados na central DGB, como são os casos do GDL e do sindicato dos pilotos VC, estruturas que se têm mostrado mais combativas.
A «unicidade negocial» foi um princípio implantado nos anos 50, no âmbito da chamada «co-gestão». Foi na sua base que a ministra do Trabalho social-democrata, Andrea Nahles, apresentou um projecto de lei que visa limitar a capacidade de negociação e de mobilização dos sindicatos não filiados na DGB.
Por outras palavras, um único sindicato seria reconhecido como parceiro para conduzir negociações numa empresa ou ramo de actividade. E como só essa estrutura teria o direito de convocar greves, as outras organizações sindicais ficariam impossibilitadas de intervir e seriam votadas ao desaparecimento.
Greve na Lufthansa
Os pilotos da companhia aérea alemã Lufthansa cumpriram uma nova greve na segunda e terça-feiras, dias 20 e 21, provocando o cancelamento de grande parte dos voos em todo o país.
Esta paralisação surge após a greve de 12 horas, dia 16, pelos pilotos da Germanwings, a filial de baixo custo da Lufthansa, e será a oitava paralisação dos pilotos da empresa desde Abril.
Os pilotos lutam contra a alteração do regime de reformas antecipadas. Desde Abril que a Lufthansa e a Germanwings cancelaram cerca de cinco mil voos devido a greves, deixando em terra mais de meio milhão de passageiros.