A descoberta, o mês passado, de uma série de valas comuns clandestinas na periferia de Donetsk, com dezenas de corpos de pessoas submetidas a torturas e executadas, não pode ficar impune, considera a Duma (câmara baixa) estatal russa.
Numa resolução aprovada no dia 10, apenas com uma abstenção, os parlamentares russos apelam aos seus congéneres em todo o mundo e às organizações internacionais para que se empenhem no esclarecimento dos crimes em massa cometidos contra a população do Sudeste da Ucrânia e no julgamento dos culpados.
Segundo o documento, citado pela Prensa Latina, os corpos são de vítimas da criminosa operação de castigo levada a cabo pelas autoridades de Kiev, designada como «operação antiterrorista», contra uma população que maioritariamente não reconhece o governo instaurado na Ucrânia após o golpe de Estado fascista de Fevereiro último.
As valas clandestinas foram descobertas por milicianos, quando procediam a operações de desminagem na zona da mina de Kommunar, a 23 de Setembro. Os corpos apresentavam sinais de bala na cabeça. Posteriormente foram descobertas outras valas comuns, onde foram enterrados sem identificação mulheres, milicianos e até soldados ucranianos.
As autoridades forenses que procederam às autópsias concluíram que as vítimas tinham sido executadas com disparos à queima roupa. Suspeita-se que os autores dos crimes pertençam ao batalhão Aidar – financiado pelo oligarca Igor Kolomoisky – e às forças regulares que ocuparam o território de Donetsk.
Na resolução, os deputados russos instam a ONU, a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, o Conselho da Europa e toda a comunidade internacional a apoiar uma investigação independente, objectiva e multilateral dos crimes em massa na Ucrânia, incluindo a tragédia de Odessa, a 2 de Maio, na Casa dos Sindicatos, onde mais de meia centena de pessoas foram queimadas vivas e mais de 200 ficaram feridas, todas activistas da resistência nessa cidade.
A resolução foi apresentada pelo responsável do comité para os Assuntos da Comunidade de Estados Independentes, Leonid Slutsky, que manifestou a sua preocupação pelas notícias que dão conta do envio de armas e assessores militares ocidentais para a Ucrânia, advertindo que tal pode minar o processo de paz em curso e dar origem a novos surtos de violência.