Faleceu Filipe Leandro Martins
Faleceu na segunda-feira o camarada Filipe Leandro Martins. Tinha 69 anos, a grande maioria dos quais dedicados à luta pela liberdade, o progresso e a justiça social – pelo socialismo e o comunismo: em 1960, com apenas 16 anos, juntou-se ao Partido Comunista Português, ao qual dedicou o melhor das suas imensas capacidades e disponibilidades.
Na nota emitida, dia 6, pelo Secretariado do Comité Central do PCP, salienta-se a sua participação, desde muito jovem, «na luta da sua geração contra o regime fascista, pela liberdade e a democracia». Entre 1960 e 1964 teve uma presença activa nas lutas estudantis, tendo inclusivamente sido um dos fundadores da Comissão Pró-Associação dos Liceus; e, entre 1967 e 1968, destacou-se na oposição à guerra colonial.
Integrou a Comissão Cultural da Academia Almadense, foi dinamizador dos Suplementos Juvenis dos Jornais «Diário de Lisboa» e «República» e activista do movimento cineclubista, tendo feito parte igualmente de organismo do PCP para o jornalismo juvenil.
Os anos de 1968 a 1974 passou-os como exilado político na Bélgica, tendo participado na reestruturação da Associação de Portugueses Exilados Políticos. Integrou, nesses anos, a direcção local do PCP, com a responsabilidade dos organismos do Partido para o trabalho associativo e para o acolhimento de desertores da guerra colonial.
Regressado a Portugal com a Revolução de Abril, passou a funcionário do Partido em Outubro de 1974, integrando o Secretariado e o Executivo da Comissão Concelhia de Setúbal. Em 1976, passou a integrar a redacção do Avante!, do qual foi sub-chefe de redacção entre 1986 e 1995 e chefe de redacção entre esta data e finais de 2010. Ao longo destas quase três décadas e meia, Filipe Leandro Martins colocou ao serviço do órgão central do PCP as suas imensas qualidades literárias e toda a sua sagacidade política. Para várias gerações de jornalistas do Avante!, foi ainda um mestre, que dirigia, ensinava e exigia sempre mais, ao mesmo tempo que respeitava diferenças e idiossincrasias e estimulava o desenvolvimento de estilos próprios.
Da sua obra literária fazem parte «A Pele Branca das Acácias», «A Caça às Rolas», «O Pé na Paisagem», «A Face de Lado», «Arqueologia Sentimental» e «Via de Extinção».
Actualmente, Filipe Leandro Martins integrava a Organização Concelhia de Setúbal do PCP, ao mesmo tempo que colaborava nas edições da União de Resistentes Antifascistas Portugueses. Foi membro do Comité Central do PCP entre 1988 e 2012.
No telegrama enviado pelo Secretariado do CC à sua companheira, filhos e restante família destaca-se que a «sua dedicação, como militante e dirigente do nosso Partido, e como membro da redacção do Avante!, em defesa do ideal comunista e à luta pela democracia, a liberdade e o socialismo, constitui um exemplo ao prosseguimento da luta».