ALTERNATIVA E ALTERNÂNCIA

«Alternativa patriótica e de esquerda é não só urgente como necessária e possível»

O desfecho previsível da disputa interna no PS; a grande centralidade que lhe foi dada pela comunicação social dominante acompanhada do silenciamento do PCP e da sua intensa actividade; a campanha para apresentar como expressão de cidadania ou abertura à sociedade um processo marcado pela arregimentação de apoios e mobilização de interesses e ambições instaladas; o embuste montado à volta de uma suposta escolha do candidato a primeiro-ministro, que a Constituição da República Portuguesa não prevê; a fulanização da vida política em torno de estilos pessoais com a consequente desvalorização de opções políticas, são as grandes dimensões da gigantesca operação montada pelo grande capital e certos sectores político-partidários para desviar a atenção dos portugueses dos reais problemas do País e manter a continuação da política de direita.

Operação que visa, por um lado, evitar o crescimento eleitoral da CDU e o reforço político, orgânico e social do PCP, força agregadora de democratas e patriotas, com um projecto de real alternativa e, por outro lado, apagar as grandes responsabilidades do PS pela política de direita e alguns dos seus mais perniciosos instrumentos: a adesão à União Económica e Monetária, o Tratado de Lisboa, os PEC, o pacto de agressão, o Tratado Orçamental, entre muitos outros.

A questão essencial que se coloca à nossa vida política não é, de facto, uma mera mudança de rostos e estilos, como aquela a que assistimos no PS. O problema central é a derrota do Governo, a ruptura com a política de direita e a alternativa patriótica e de esquerda. Foi isto que o PCP deixou claro no debate público realizado no passado domingo sobre «A dívida, o euro e a defesa dos interesses nacionais», a primeira de um conjunto de iniciativas que o Partido lançou no passado dia 28 de Setembro com o lema «A força do povo, por um Portugal com futuro – Uma política patriótica e de esquerda» e que se destina a identificar os eixos, os objectivos e as prioridades nucleares de uma política alternativa. Iniciativa que contou com a participação do Secretário-geral do PCP e de numerosos camaradas e amigos que manifestaram expressivo apoio às propostas do Partido para a renegociação da dívida, a libertação do País da moeda única e a recuperação do controlo público da banca comercial e de outras instituições financeiras. Iniciativa logo seguida da apresentação na AR pelo Grupo parlamentar do PCP, na passada terça-feira, do projecto de resolução «Renegociar a dívida, preparar o País para a saída do Euro e retomar o controlo público da banca para abrir caminho a uma política soberana de desenvolvimento nacional».

Na mesma perspectiva e com a mesma confiança na luta dos trabalhadores e das populações, muitas foram as iniciativas que o PCP realizou pelo País no último fim-de-semana, de que se destaca o comício de evocação dos 35 anos do assassinato de Caravela e Casquinha e do ataque à Reforma Agrária, realizado no Escoural (também ele fortemente silenciado pela comunicação social) com a participação de centenas de pessoas. Iniciativa com um profundo conteúdo político pela valorização que ali foi feita da Reforma Agrária e a evocação dos trabalhadores assassinados na luta em sua defesa. «Uma Reforma Agrária - como referiu o camarada Jerónimo de Sousa – que liquide a propriedade fundiária e o absentismo, ponha fim à cultura do subsídio sem correspondência com a produção e entregue a terra a quem a trabalhe, a título de propriedade ou de posse, a pequenos agricultores e rendeiros, a cooperativas de trabalhadores rurais ou de pequenos agricultores ou a outras formas de exploração da terra por trabalhadores». Reforma Agrária inserida numa política que desenvolva o País, combata a desertificação e o despovoamento, aposte decisivamente na produção nacional, valorize os nossos recursos, crie emprego, desenvolva as economias locais e rurais e garanta a nossa soberania alimentar.

No mesmo sentido se vão realizar em Loures as Jornadas Parlamentares do PCP nos próximos dias 6 e 7 de Outubro, continuar a campanha de reforço do Partido e dinamizar a Campanha Nacional de Fundos que terá um importante momento no comício da Quinta da Atalaia do próximo sábado, que contará com a participação do Secretário-geral do PCP e incluirá uma visita ao terreno da Quinta do Cabo.

No plano da luta, enquanto prossegue a quinzena de luta da CGTP-IN, foi grande a adesão às greves dos trabalhadores do Metro de Lisboa, dos enfermeiros, dos trabalhadores judiciais e em diversas empresas, na semana passada. Assiste-se, por outro lado, à marcação de novas lutas: contra a privatização da EGF a 23 de Outubro; luta dos trabalhadores da Administração Local promovida hoje mesmo pelo STAL em defesa do horário das 35 horas e da contratação colectiva; acção nacional dos professores a 5 de Outubro; jornada de luta do STRUP; várias greves e acções em câmaras municipais que mantêm o horário das 40 horas e também a luta das populações em defesa dos serviços públicos.

E enquanto o grande capital vai ensaiando novas formas de alternância que, para lá das aparências, mantenham o rumo político dos últimos 38 anos, o PCP luta juntamente com os trabalhadores e as populações e agrega cada vez mais democratas e patriotas contra a exploração e o empobrecimento, pela ruptura e alternativa. Alternativa patriótica e de esquerda que é não só urgente como necessária e possível. A única capaz de afirmar, com verdade e confiança, os ideais, o projecto e os valores de Abril no futuro de Portugal.