O PCP reagiu, no dia 13, através de uma nota do seu Gabinete de Imprensa, ao facto de o Governo ter confirmado junto dos reitores das universidades e dos presidentes dos institutos politécnicos que no próximo Orçamento do Estado os cortes nas verbas para o Ensino Superior atingirão 14 milhões de euros. Para o Partido, trata-se de uma medida inaceitável.
O PCP lembra, na ocasião, que os cortes já efectuados no sector (que provocaram o desagrado da comunidade académica) conduziram ao despedimento de professores e a fortes condicionalismos na actividade das escolas, tendo tido como principal consequência a degradação da qualidade do ensino e chegando mesmo a pôr em causa a própria existência de algumas instituições. O Governo é tão rápido a decidir a recapitalização de um banco privado com 4,4 mil milhões de euros com dinheiros públicos «quanto a decidir novos cortes para o financiamento do ensino superior», lamenta.
Esta decisão torna mais clara a estratégia do Governo para o Ensino Superior, em sintonia com os objectivos impostos pela União Europeia no quadro da estratégia 2020: aumentar a certificação dos portugueses, mesmo que isso seja feito degradando as qualificações. «Nada mais perverso num quadro em que o País atravessa uma profunda crise e que para o seu desenvolvimento muito poderiam contribuir os jovens quadros saídos das universidades e politécnicos», acusa o PCP. Pela falta de oportunidades de emprego e pelo facto de se encontrar vedado à grande maioria o acesso aos níveis superiores de ensino, a emigração é a única solução que se apresenta a estes jovens.
O PCP chama ainda a atenção para a circunstância de esta decisão ser tomada no momento em que se mantém, sem solução à vista, um «confronto muito intenso entre os investigadores e o Ministério da Educação e Ciência, por causa dos brutais cortes nos apoios à investigação». Estes, acrescenta-se na nota, resultam de uma estratégia que passa por «tirar os apoios públicos aos centros públicos de investigação e entregar avultadas verbas para investigação às empresas privadas».