Tragédia aérea na Ucrânia

Kiev tem de explicar

A Rússia apoia uma investigação exaustiva e objectiva à queda do avião das linhas aéreas malaias, exige que o governo de Kiev cesse as hostilidades na zona do despenhamento e explique alguns dos contornos da tragédia.

«O Kremlin colocou questões muito concretas que pretende ver esclarecidas»

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Vladimir Putin garantiu, anteontem, que o governo de Moscovo tudo vai fazer para que o despenhamento do MH17, na quinta-feira da semana passada, nas proximidades da cidade Donetsk com um saldo de 298 vítimas mortais, seja alvo de um escrutínio sério e transparente.

O presidente russo reiterou, assim, o apoio de Moscovo à resolução aprovada, segunda-feira, 21, por unanimidade, no Conselho de Segurança da ONU, mas aproveitou a ocasião para exigir a Kiev que cumpra a promessa de cessar as hostilidades enquanto durar o apuramento, isto depois de um avião militar ucraniano ter sido avistado a sobrevoar a zona de cessar-fogo decretada pelo próprio presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, e de os peritos malaios a quem membros das autodefesas de Donetsk entregaram as caixas negras do avião terem sido apanhados por um bombardeamento da aviação ucraniana.

As forças antigolpistas do Leste da Ucrânia têm sido acusadas de derrubarem o MH17 com um míssil antiaéreo fornecido pela Rússia. Barack Obama, David Cameron e outros líderes «ocidentais» têm repetido a tese mas tardam em apresentar provas concretas que a sustentem. Já esta segunda-feira, uma porta-voz do Departamento de Estado dos EUA defendeu que o «senso comum» e as informações divulgadas na comunicação social indicam a responsabilidade de Moscovo e das milícias de Donetsk.

As autoridades golpistas ucranianas acrescentam uma campanha de desinformação na Internet, onde circula uma gravação em que dois responsáveis anti-golpistas alegadamente admitem o derrube do avião, ou um vídeo de um sistema de mísseis BUK a regressar à Rússia. A gravação, foi, entretanto, qualificada de montagem por especialistas russos, e o vídeo, de acordo com as mesmas fontes, respeita à circulação de um lançador de mísseis numa região controlada pelos militares de Kiev.

Questões-chave

O Kremlin, por seu lado, através dos seus mais altos responsáveis militares, colocou questões muito concretas que pretende ver esclarecidas.

Como é que a Ucrânia explica as deslocações de sistemas anti-aéreos nos dias anteriores à queda do MH17 (que a Rússia detalha com imagens de satélite) e a presença de vários lançadores de mísseis BUK das suas forças na zona da tragédia? E por que é que o sistema de radares ucranianos, fundamental para o derrube de uma aeronave àquela altitude com o dito sistema de mísseis, foi colocado na máxima operacionalidade no dia 17?

Por que é que o avião das linhas aéreas malaias circulava a menos de dois mil metros de altitude do que o planeado?; porquê e quem é que deu ordem para que a aeronave alterasse a rota normal quando se aproximou de Donetsk? Foi um engano do piloto ou instrução da torre de controlo de Dnepropetrovsk?

O que fazia e o que fez um avião da força aérea ucraniana Su-25, equipado com mísseis, a seguir o MH17?

As perguntas endereçadas pelo Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas russas não foram ainda respondidas. O governo de Kiev, suportado pelo ruído de fundo criado pelos EUA, prossegue as acusações e a ofensiva contra Donetsk e Lugansk, cidades controladas pelas forças antigolpistas que continuam a ser alvo de intensos bombardeamentos. O número de civis mortos já ultrapassa as centenas.

Entretanto, os corpos de cerca de 200 das 298 vítimas da queda do MH17 foram transportados para a Holanda. O comboio foi acompanhado por peritos forenses holandeses, malaios e observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa. Os membros da missão da OSCE foram dos primeiros não-ucranianos a chegar ao local do despenhamento e, contrariamente às acusações que davam conta de que as forças de autodefesa de Donetsk estavam a proceder à limpeza de provas, até elogiaram o trabalho das equipas que acorreram ao local, lamentando, apenas, a não delimitação de um perímetro adequado mas justificando-o com a extensão da área onde caíram os destroços.

As autoridades insurrectas de Donetsk, aliás, reclamaram, desde logo, o envio de peritos internacionais e lamentaram a sua retenção, durante dias, em Kiev.



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