Pobreza duplicou no Reino Unido
O número de famílias que vivem no Reino Unido abaixo do limiar da pobreza aumentou para mais do dobro nos últimos 30 anos, revela um estudo divulgado dia 19.
Apesar de a riqueza produzida no país ter aumentado duas vezes desde o início dos anos 80, a investigação conclui que, desde 1983, a percentagem das famílias que não podiam satisfazer três ou mais necessidades básicas (alimentação adequada, aquecimento, vestuário, etc.), aumentou de 14 para 33 por cento.
O estudo, que se apresenta como o mais detalhado jamais realizado no país, afirma que cerca de 18 milhões de britânicos vivem em alojamentos sem condições adequadas e que 12 milhões são demasiado pobres para participar em actividades sociais básicas, como receber amigos ou familiares.
Além disso, uma em cada três pessoas não tem meios para aquecer as suas habitações, e quatro milhões de adultos e crianças não se alimentam saudavelmente.
Assim, 21 por cento das famílias não conseguem pagar as suas contas, contra 14 por cento no final dos anos 90, e mais de um adulto em cada quatro (28%) abdicaram da refeição para que outros membros da família se pudessem alimentar.
O estudo (Poverty and Social Exclusion project) orientado pelo professor David Gordon, do Centro Townsend de Investigação Internacional da Pobreza da Universidade de Bristol, indica ainda que ter um emprego a tempo inteiro não é uma garantia contra a pobreza, salientando que metade dos trabalhadores pobres tem um horário de 40 horas ou mais por semana.
Gordon declarou que os dados científicos mostram que a pobreza aumentou: «Os pobres sofrem uma pobreza mais profunda e o fosso entre ricos e pobres está a alargar-se». «No início dos anos 80 acreditámos que a vida iria melhorar. Para muitos assim foi, para muitos outros não».