Yoani Sánchez: dinheirinho é o que lhe interessa

Pedro Campos

A «famosa» blogueira anti-cubana é de novo notícia. O seu tradutor oficial para o italiano, Giordano Lupi, decidiu desligar-se dela através de uma carta aberta onde diz algumas – só algumas – verdades sobre esta «heroína» da contra-revolução. Vale a pena conhecer alguns dos parágrafos da missiva.

«Yoani Sánchez rescindiu o seu contrato com La Stampa e converteu-me num homem livre que até ontem não podia dizer o que pensava porque a traduzia (...). Tenho a culpa de ter acreditado na luta de Yoani Sánchez (...) uma luta que partia da base para golpear o poder (...) Finalmente entendi – à força de amargas decepções – que a (sua) oposição era letra morta (...) vim a saber que tratava com uma pessoa que dá a máxima prioridade a interesses nada idealistas. Uma blogueira que vive tranquilamente a sua vida, que ninguém conhece em Cuba e a quem ninguém hostiliza, que não é ameaçada, encarcerada, silenciada, que não tem problemas para entrar ou sair do seu país».

Lupi, que não dá qualquer indício de ser um progressista, trabalhou durante seis anos para Yoani e declara-se decepcionado com a sua «compañera» de luta, uma luta na qual ele acreditava e parece continuar a acreditar.

«Por partilhar a sua luta – afirma na carta – recebi ofensas e ameaças de castristas e comunistas italianos, por partilhar uma luta inexistente, um sonho de liberdade desejado por muitos, mas não por ela, que só pensava no dinheiro produto de prémios e contratos... (...) Na verdade, o objectivo de Yoani Sánchez sempre foi o de se tornar rica e famosa...». Rica já é. E famosa, também, por péssimas razões...

Venezuela: uma violência que não cessa...

Para além dos 42 assassinados e 800 feridos provocados pela mais recente vaga de violência provocada pela extrema direita venezuelana, esta parece ter inaugurado um novo ciclo na sua escalada terrorista. Assim o dá a entender o assassinato – depois de ferozmente torturado – de Eliécer Otaiza, presidente do concelho municipal do Distrito Libertador de Caracas. Neste momento há duas pessoas detidas em relação com este caso, ainda sob investigação, que mostra indícios da participação de sicários de tipo paramilitar colombiano em acções políticas ao serviço da reacção aliada de Washington.

Entretanto, a oposição, que sempre joga em dois campos – no da luta política legal e no da violência fascista – continua sem ter a coragem de se demarcar das acções ilegais, sempre à espera de que a via terrorista consiga derrubar o governo de Nicolás Maduro e lhe devolva o poder político – continua na posse de grande parte do poder económico – para colocar de novo a riqueza petrolífera da Venezuela ao serviço do imperialismo e poder aceder às migalhas de sempre. Mas este objectivo não está fácil.

As autoridades bolivarianas continuam com o seu dever de defender a constituição e devolver a paz ao país. Uma das suas acções mais recentes, feita com surpresa mas grande mesura, foi o desmantelamento de «acampamentos estudantis» instalados nalguns, poucos, municípios controlados pela oposição. No processo foram detidas 243 pessoas e resulta que estudantes eram menos de... 20%!!! Ali havia de tudo. Adolescentes e menores de idade manipulados. Pessoas com deficiências físicas... e muito material de interesse criminal. Não faltavam máscaras anti-gás, bombas incendiárias, armas, drogas – vários dos detidos deram positivo nos testes – e dólares! Os presidentes dos respectivos municípios queixam-se de que não foram avisados destes procedimentos... Claro, queriam avisar os «estudantes»!

... e uma revolução que avança!

Navegando num mar dificuldades que nasceram em 1998, no mesmo momento em que Hugo Chávez ganhou as eleições – e até antes – e contra o poder quase omnipotente da comunicação social nacional e internacional, o governo bolivariano vai cumprindo o seu programa em favor da grande maioria. Alguns números confirmam-no. Em 1966, o investimento na saúde era 3,49% do PIB. Para 2011 estava em 5,16%. Como resultado desta política de redistribuição da riqueza nacional, possível fundamentalmente pelo controlo da indústria petrolífera, a mortalidade infantil (antes do primeiro ano), que em 1998 era de 21,4 por cada mil nascidos, desceu para 13,7 por cada mil em 2007. São cifras da Unicef. Entretanto, hoje 95% da população tem acesso à água potável e 93% aos serviços de saúde. Dentro de uma perspectiva latino-americana – afora Cuba – é dizer muito.




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