MAIO DE LUTA E CONFIANÇA

«Va­lores de Abril que ger­mi­narão em Maio e se pro­jec­tarão no fu­turo de Por­tugal»

Se mais evi­dên­cias não hou­vesse, as co­me­mo­ra­ções do 25 de Abril con­fir­maram quão vivos estão os va­lores de Abril no co­ração do povo por­tu­guês. Um im­pres­si­o­nante mar de gente de todas as idades – in­cluindo muitos da­queles que não vi­veram a Re­vo­lução de Abril – lançou por todo o País uma enorme vaga de festa, ale­gria, de­ter­mi­nação e con­fi­ança.

Num au­tên­tico so­bres­salto pe­rante o pe­ri­goso avanço da po­lí­tica de di­reita, as massas, na sua imensa ca­pa­ci­dade cri­a­dora e de trans­for­mação so­cial, des­ceram à rua para re­jeitar e com­bater uma po­lí­tica que lhes vai li­qui­dando di­reitos e con­quistas e com­pro­mete o de­sen­vol­vi­mento so­be­rano do País.

Num acto de exem­plar par­ti­ci­pação cí­vica e po­lí­tica, im­por­tante valor de Abril, o povo por­tu­guês, as massas po­pu­lares, os tra­ba­lha­dores ex­pri­miram a sua pro­funda con­de­nação da de­sas­trosa po­lí­tica de di­reita em curso e de todos aqueles que vêm de­sen­vol­vendo uma das mais sór­didas e bru­tais cam­pa­nhas ide­o­ló­gicas de fal­si­fi­cação da his­tória: in­sul­tando Abril e os seus prin­ci­pais obreiros, os mi­li­tares do MFA e as massas po­pu­lares; ata­cando a po­lí­tica, os po­lí­ticos e os par­tidos, como se fossem todos iguais; ten­tando apagar, si­len­ciar ou de­ne­grir o papel do PCP na re­sis­tência ao fas­cismo, na luta pelas con­quistas da Re­vo­lução e, a partir de 1976, na re­sis­tência à re­cu­pe­ração ca­pi­ta­lista, la­ti­fun­dista e im­pe­ri­a­lista, que pros­segue; ten­tando re­es­crever a his­tória com re­curso à de­tur­pação e à men­tira.

Ao sair à rua da forma ex­pres­siva como o fez, o povo con­denou de forma con­tun­dente este Go­verno e esta po­lí­tica e mos­trou o seu apego (e di­reito) à ver­dade, ela pró­pria um grande valor de Abril.

Quanto ao PCP, os porta-vozes da ide­o­logia do­mi­nante «es­que­ceram» de­li­be­ra­da­mente (o que os tra­ba­lha­dores e o povo não es­quecem): que este Par­tido nasceu há 93 anos por de­cisão livre e cons­ci­ente de tra­ba­lha­dores; se man­teve sempre ao lado da classe ope­rária e de todos os tra­ba­lha­dores na de­fesa dos seus in­te­resses, tanto nas horas boas das con­quistas e avanços re­vo­lu­ci­o­ná­rios, como nas horas más dos re­tro­cessos, da perda de di­reitos ou mesmo da re­pressão; se fundiu com as massas com quem sempre man­teve uma re­lação um­bi­lical de classe e com quem travou in­con­tá­veis com­bates contra a ex­plo­ração, o em­po­bre­ci­mento e as in­jus­tiças; com quem luta pela rup­tura com a po­lí­tica de di­reita, por uma al­ter­na­tiva po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, por uma de­mo­cracia avan­çada com os va­lores de Abril no fu­turo de Por­tugal, pela cons­trução do so­ci­a­lismo e do co­mu­nismo.

Vamos agora co­me­morar o 40.º ani­ver­sário do 1.º de Maio em li­ber­dade e ma­ni­festar o des­con­ten­ta­mento, opo­sição e re­púdio pela po­lí­tica de di­reita e contra o me­mo­rando das troikas, re­clamar, como apela a CGTP-IN, «o au­mento geral dos sa­lá­rios e a ac­tu­a­li­zação ime­diata do Sa­lário Mí­nimo Na­ci­onal para 515 euros, mais con­tra­tação co­lec­tiva, 35 horas se­ma­nais, contra a trans­for­mação dos cortes pro­vi­só­rios em de­fi­ni­tivos, pela re­po­sição dos di­reitos, sa­lá­rios e pen­sões que foram rou­bados, mais de­sen­vol­vi­mento, em­prego e di­reitos so­ciais». Vamos mo­bi­lizar para um grande 1.º de Maio que volte a en­cher as ruas de festa, luta e con­fi­ança no fu­turo. E, assim, fun­dindo Abril e Maio num só tempo his­tó­rico e po­lí­tico, afirmar a nossa de­ter­mi­nação em lutar pela der­rota do Go­verno e da po­lí­tica de di­reita e pela al­ter­na­tiva ne­ces­sária.

Em ar­ti­cu­lação com estas co­me­mo­ra­ções, impõe-se como grande pri­o­ri­dade po­lí­tica do mo­mento a ba­talha elei­toral de 25 de Maio. A grande par­ti­ci­pação nas ini­ci­a­tivas da CDU de co­me­mo­ra­ções do 40.º ani­ver­sário do 25 de Abril, a 26 e 27 de Abril, em Vila do Conde e em Loures, é um bom sinal para o pros­se­gui­mento desta luta. No dia 3 de Maio, te­remos um al­moço com di­ri­gentes, de­le­gados, ac­ti­vistas sin­di­cais e mem­bros de Co­mis­sões de Tra­ba­lha­dores apoi­antes da CDU. É pre­ciso mo­bi­lizar para o voto na CDU todos aqueles que foram pe­na­li­zados e estão des­con­tentes com esta po­lí­tica. É pre­ciso in­formar, es­cla­recer e mo­bi­lizar para o voto na CDU aqueles que, em­bora des­con­tentes e de­si­lu­didos, pensam, er­ra­da­mente, cas­tigar os seus res­pon­sá­veis com a abs­tenção ou o voto branco ou nulo. É pre­ciso mos­trar àqueles que apenas iden­ti­ficam o PSD e o CDS como res­pon­sá­veis pela po­lí­tica de di­reita, as res­pon­sa­bi­li­dades do PS, que, con­jun­ta­mente com aqueles par­tidos, aprovou o Tra­tado Or­ça­mental, as­sinou o pacto de agressão da troika, aprovou os PEC I, PEC II e PEC III e se pre­pa­rava para aprovar o PEC IV cujos con­teúdos, no es­sen­cial, eram os mesmos do me­mo­rando de en­ten­di­mento. É pre­ciso es­cla­recer que o PCP foi a força po­lí­tica por­tu­guesa que se bateu, com me­didas e pro­postas con­cretas, contra a po­lí­tica de di­reita e na de­fesa dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País, como ficou de­mons­trado no ba­lanço re­cen­te­mente apre­sen­tado pelos dois de­pu­tados do Par­tido no Par­la­mento Eu­ropeu.

Por outro lado, é ne­ces­sário pros­se­guir a cam­panha de re­forço do Par­tido, em que se in­te­grou a venda do Avante! es­pe­cial do 25 de Abril (único Par­tido a va­lo­rizar, neste plano, o 25 de Abril). É ne­ces­sário pros­se­guir com a acção de con­tactos con­cen­trando-a, tanto quanto pos­sível, até às elei­ções de 25 de Maio.

A grande e de­ter­mi­nada par­ti­ci­pação po­pular nas co­me­mo­ra­ções do 25 de Abril (que cer­ta­mente vai ser con­fir­mada por uma grande e com­ba­tiva par­ti­ci­pação nas co­me­mo­ra­ções do 1.º de Maio) são si­nais de luta e con­fi­ança. Va­lores de Abril que ger­mi­narão em Maio e se pro­jec­tarão no fu­turo de Por­tugal. «E o fu­turo – como dizia Ary dos Santos – é o tempo re­sis­tente».