Que fazer com o euro?

O euro é, como sempre foi, um «projecto do grande capital europeu, das transnacionais europeias e do directório de potências comandado pela Alemanha e um instrumento central da concorrência e rivalidade inter-imperialistas», reafirmou Vasco Cardoso, da Comissão Política, na intervenção que proferiu no encontro. Com a sua implementação, acrescentou, «o País entrou numa década de estagnação que desembocou numa grande recessão económica que perdura há três anos», deixando atrás de si um rasto de desemprego, precariedade, exploração e injustiça.

Que fazer? – questionou então Vasco Cardoso. Se é certo que há uma «incompatibilidade radical entre a permanência no euro forte e na União Económica e Monetária e uma política alternativa que definimos e propusemos aos portugueses como patriótica e de esquerda» não o é menos que, 12 anos depois, a realidade económica criada não pode ser «desfeita, pura e simplesmente, por decisão política». Assim, sair do euro não seria «voltar ao ponto em que o País estava quando entrou e havia escudo e não havia euro».

Indo ao fundo da questão, Vasco Cardoso sublinhou a necessidade de enquadrar a decisão de saída do euro num «quadro de políticas e linhas de ruptura» que a deverão acompanhar: se o prosseguimento do actual rumo é «absolutamente insustentável», a defesa de forma estrita e simplista da «saída do euro» como objectivo isolado é redutora e ilusória, pois ninguém duvida de quais os interesses que seriam defendidos se a política de direita perdurasse.

Para o PCP, lembrou o membro da Comissão Política, a «saída do euro, seja por decisão soberana do Estado português ou por agudização das contradições no seio da zona euro, ou mesmo a sua dissolução, sendo sempre uma condição necessária, embora não suficiente, exige na sua concretização assegurar condições e medidas que preparem tal mudança». A preparação do País face a uma saída do euro é mesmo uma das tarefas centrais do governo patriótico e de esquerda que o PCP defende.

Vasco Cardoso lembrou ainda que o PCP foi o primeiro (e é até hoje o único) partido português a colocar como objectivo político a luta pelo fim da União Económica e Monetária. Um processo que se integra na luta mais geral pela «necessária ruptura com o processo de integração capitalista da União Europeia». 




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