ALTERNATIVA NECESSÁRIA
Mudança de rumo, que os 83 anos do Avante! e os 93 anos do PCP já mostraram ser possível
No dia 15 de Fevereiro o Avante! celebra o seu 83.º aniversário. «Parabéns!», pois, ao órgão central do PCP, que, na sua longa história, cumpriu com brio revolucionário o seu papel de jornal de classe, arma insubstituível do Partido ao serviço dos trabalhadores e do povo, sem nunca se deixar submeter ou intimidar pelo terror da ditadura fascista ou pelas muitas tentativas de silenciamento por parte da ideologia e dos poderes dominantes.
Hoje, o Avante! continua a ser o porta-voz da denúncia dos perigos e ameaças sobre o regime democrático, da destruição do nosso aparelho produtivo, das políticas de empobrecimento e de exploração e é, em simultâneo, o porta-voz da luta por uma ruptura com esta política e por uma alternativa política patriótica e de esquerda, da luta por uma democracia avançada com os valores de Abril no futuro de Portugal, da luta pelo socialismo e o comunismo.
E é também o jornal da Festa, «a maior, a mais extraordinária, a mais fraterna e humana jamais realizada no nosso País», como referia Álvaro Cunhal, no comício da Festa do Avante! de 1976.
«Os tiranos – prevenia Brecht – fazem planos para dez mil anos»; Fukuyama anunciava, triunfante, o «fim da história»; e a imensa gritaria da ideologia dominante continua a proclamar: «O comunismo morreu».
Mas se têm tão inabalável confiança nas suas infinitas certezas, porque precisam de continuar a gastar tantos rios de tinta, tanta propaganda, tantos recursos em milhares de jornais, revistas, filmes; televisões, rádios, internet e outros meios na certificação de tão absolutas «verdades» com o objectivo de silenciar ou distorcer a voz do PCP?
Ou será que eles sabem (e temem) que uma voz como a do Avante!, um combate como o do PCP, uma luta organizada como a dos trabalhadores e de outras classes e camadas antimonopolistas possam abrir caminho a um novo rumo que ponha fim a este longo ciclo político de exploração e empobrecimento?
Rumo novo indissociável do reforço do PCP e da intensificação da luta de massas. Rumo novo que requer também o continuado esforço de todo o colectivo partidário na valorização, difusão e venda do Avante!, voz que os questiona e incomoda, que contribui para derrotar o Governo e esta política e para abrir caminho à alternativa que defendemos.
Porque a verdade, e só a verdade, é, por natureza, revolucionária.
«Basta de Injustiças e Desigualdades!» é o lema que a CGTP-IN escolheu para a apresentação do novo calendário de lutas. Nele se incluem uma Marcha em Lisboa e no Porto, no dia 27 de Fevereiro, uma Semana de Luta, de 8 a 15 de Março, com paralisações, greves, «acções que dêem expressão de rua à luta no interior das empresas», o desenvolvimento da acção reivindicativa nos locais de trabalho, o «Movimento Geral pelo Aumento dos Salários e do Salário Mínimo Nacional», as comemorações do dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, e 28 de Março, Dia Nacional da Juventude, e as lutas nos locais de trabalho, a recolha de assinaturas para a Petição pelo Direito ao Emprego e à Protecção Social no Desemprego e a preparação das comemorações do 40.º aniversário do 25 de Abril e do 1.º de Maio em liberdade.
Lutas a que se juntam muitas outras já marcadas para as próximas semanas, que põem em causa, mais uma vez, a frenética campanha ideológica em curso sobre a (virtual) recuperação económica e mostram que um povo que não se submete, pela luta organizada, tem reais possibilidades de vencer.
Neste combate, vão ser também de grande importância política as eleições para o Parlamento Europeu, que tiveram esta semana o acto público de apresentação do camarada João Ferreira como primeiro candidato da lista da CDU, cuja escolha, como referiu o Secretário-Geral do PCP, Jerónimo de Sousa: «Dá as maiores garantias, pela sua capacidade e experiência, bem patente no valioso trabalho que tem vindo a desenvolver no quadro da nossa intervenção colectiva no Parlamento Europeu em defesa dos trabalhadores, do nosso povo e do nosso País, por um projecto alternativo para Portugal e para a Europa, de travar, juntamente com as forças e outros candidatos que compõem a CDU, esta batalha eleitoral com a força e a convicção que o grave momento que o País atravessa exige e os portugueses esperam e confiam.»
Batalha de grande significado político para a rejeição do actual rumo de construção europeia e para a afirmação dum rumo alternativo de «progresso, justiça social, de paz e de cooperação; uma Europa de estados soberanos, livres e iguais em direitos; que reconheça o direito de cada povo a decidir as políticas (económicas e outras) que melhor lhe servem; que salvaguarde a democracia e a efectiva participação dos povos na determinação do seu destino», como referiu o camarada João Ferreira, que afirmou também: «Nunca como hoje foi tão evidente a relação entre os principais problemas do País e os constrangimentos impostos pela União Europeia, pelo processo de integração capitalista europeu – um processo que sempre afirmámos ser, e que a vida comprovou ser intrinsecamente injusto e desigual».
São de grande exigência os tempos que vivemos. Neles coexistem, lado a lado, os perigos de novos retrocessos e as potencialidades de desenvolvimento da luta pela ruptura com esta política e por uma alternativa patriótica e de esquerda.
Mudança de rumo, que os 83 anos do Avante! e os 93 anos do PCP já mostraram ser possível.