Compromisso de facto
A esquerda independentista compromete-se a continuar a trabalhar para acabar com a violência no País Basco, mas exige que o Estado espanhol concretize a alegada vontade de fim do conflito político.
«Persiste o bloqueio da parte do governo espanhol»
Em conferência de imprensa, domingo, 5, representantes do partido Sortu, da organização juvenil Ernai e da central sindical LAB, reiteraram ser favoráveis ao desaparecimento de todos os tipos de violência em Euskal Herria e disponíveis para a construção da democracia no território, mas sublinharam que da parte de Madrid carecem acções tangíveis no mesmo sentido.
Os independentistas acusam o Estado espanhol de continuar a não mostrar vontade em efectivar uma solução pacífica para o conflito e, pelo contrário, insistir em converter a política penitenciária numa questão de vencedores e vencidos, mantendo dispersos cerca de 700 presos membros da ETA ou acusados de pertencerem, colaborarem ou apoiarem a estrutura armada.
«Euskadi conhece um novo tempo que já não tem volta atrás, mas persiste o bloqueio da parte do governo espanhol», frisaram.
A Agência EFE noticiou, entretanto, que a ETA deverá emitir por estes dias um comunicado indicando disponibilidade para proceder ao seu desarmamento, o que, a confirmar-se, ocorrerá pouco mais de um ano depois da declaração de cessar-fogo unilateral.
O texto, refere a agência, poderia ser emitido antes da manifestação convocada para o próximo sábado, 11, em Bilbau, na qual se vai voltar a reivindicar o regresso de todos os presos ao País Basco.
Marco histórico
A declaração das forças independentistas surgiu depois de o Colectivo de Presos (EPPK) ter admitido responsabilidades «no dano multilateral e no sofrimento causado em consequência do conflito», de ter renunciado «ao método usado no passado para fazer frente à imposição, repressão e violação dos direitos», e de ter admitido, ainda, a resolução individual da situação dos reclusos.
Até aqui, as organizações representativas dos detidos e das suas famílias só reconheciam a adopção de uma solução de conjunto, nomeadamente através da aplicação de uma amnistia.
Desde Outubro, e na sequência de uma decisão do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, o Estado espanhol já foi obrigado a deixar sair em liberdade cerca de 60 presos.
Já numa declaração pública realizada sábado, 4, os ex-presos reafirmaram o que já havia sido dito, dia 28 de Dezembro, pelo EPPK, sublinhando, igualmente, a necessidade de uma solução integral que inclua a libertação dos acusados de terrorismo e o direito do povo basco a decidir sobre o seu destino.