Marrocos reprime
Mais de centena e meia de pessoas ficaram feridas na sequência da repressão dos protestos do fim-de-semana no Saara Ocidental, ocorridos a propósito da presença no território do enviado especial do secretário-geral da ONU.
As forças repressivas sitiaram El Aaiún e Smara
De acordo com informações avançadas pela Frente Polisário à agência EFE, só a primeira manifestação, realizada ao final da tarde de sábado em El Aaiún, capital do Saara Ocidental ocupado, terminou com um saldo de cerca de uma centena de feridos, em resultado da violência desencadeada pelas forças marroquinas. A mesma fonte, também citada pela Saara Press Service (SPS), acrescenta que fortes contingentes militares e civis ocupantes colocaram a cidade em estado de sítio, arrombaram habitações, pilharam e destruíram os bens que se encontravam no seu interior, não poupando sequer idosos e crianças à brutalidade.
Marrocos procura, desta forma, abafar os protestos populares contra as violações dos direitos humanos e em defesa do direito à independência, convocados pela Coordenadora de Organizações dos Direitos Humanos Saaráuis a propósito da visita do enviado especial do secretário-geral das Nações Unidas, Christopher Ross, ao Saara Ocidental.
Idêntico cenário repetiu-se, domingo, em Smara, cidade situada 220 quilómetros a Sudeste de El Aaiún, onde igual intervenção do dispositivo repressivo marroquino contra as concentrações pacíficas promovidas por activistas saaráuis, deixou pelo menos 42 feridos e o mesmo rasto de destruição, noticiou a SPS com base em dados fornecidos pelo Ministério dos Territórios Ocupados e da Diáspora Saaráui.
Christopher Ross encontra-se no Saara Ocidental desde sexta-feira, 18. Na agenda desta semana, previa-se que reunisse com as autoridades de Rabat com o objectivo de garantir um novo fôlego à negociação de uma solução pacífica para o diferendo.
Antes, o responsável recebeu nas instalações da Missão das Nações Unidas para o Referendo no Saara Ocidental (MINURSO), em El Aaiún e Smara, representantes de organizações humanitárias e de defesa dos direitos humanos, de familiares e vítimas do conflito, de comunidades tribais e de trabalhadores.
Na reunião, a Confederação de Sindicatos Saaráuis sublinhou questões sociais, económicas e políticas relacionadas com os direitos dos trabalhadores e a exploração dos recursos naturais do território. Já o Comité de Familiares dos Presos Políticos de Gdeim Izik e o Colectivo de Defensores Saaráuis dos Direitos Humanos exigiram a instalação de um mecanismo da ONU para a observância e protecção dos direitos humanos, denunciaram a injustiça dos julgamentos e das condenações aplicadas aos saaráuis detidos na sequência do desmantelamento violento do acampamento de Gdeim Izik, e a imediata libertação de todos os presos políticos.