A FESTA E A LUTA
«A Festa do Avante! é, ela própria, um espaço de luta por um novo rumo para Portugal»
Na intervenção proferida no decorrer do encontro com construtores da Festa do Avante!, no sábado passado, o Secretário-geral do PCP apontou o trabalho solidário e militante como factor decisivo para o êxito da gigantesca tarefa que é a construção da maior iniciativa política, partidária, cultural e convivial realizada no nosso País.
E é essa intervenção solidária e militante, essa entrega voluntária e consciente, essa militância revolucionária assumida, que explica o facto de o colectivo partidário comunista, ao mesmo tempo que erguia a pulso a Festa do Avante!, levar por diante o conjunto imenso de tarefas que as responsabilidades do Partido na vida nacional exigem, designadamente: o prosseguimento da luta sem tréguas contra a política das troikas e por uma política patriótica e de esquerda – uma luta que não pode parar, bem pelo contrário tem que se intensificar e alargar, de modo a alcançar os seus objectivos; a concretização das inúmeras iniciativas inseridas nas comemorações do Centenário do camarada Álvaro Cunhal – levando a muito milhares de portugueses o conhecimento sobre uma vida, um pensamento, uma obra, um exemplo, ímpares; a elaboração e conclusão do complexo e trabalhoso processo de constituição das listas para as autarquias locais – com a apresentação de candidaturas a um número superior de órgãos autárquicos e a afirmação da CDU como a força do trabalho, da honestidade e da competência.
Amanhã, ao fim da tarde, a Festa do Avante! abrirá as suas portas aos muitos milhares de homens, mulheres, jovens e crianças que, vindos de todo o País – e de outros países, dada a dimensão internacional que a Festa conquistou – farão da Quinta da Atalaia, durante três dias memoráveis, o espaço com maior índice de fraternidade por metro quadrado existente em Portugal.
Ali, os visitantes terão à sua disposição – para além desse convívio fraterno e solidário de que são parte integrante – uma oferta única em vários domínios: da arte e da cultura às exposições sobre diversas matérias; dos debates sobre os acontecimentos mais relevantes da situação internacional às análises à situação económica, política e social no nosso País; da música para todos os (bons) gostos, à gastronomia e ao artesanato; do contacto com as realidades de dezenas de outros países, ao desporto…
E porque assim é – e porque, em toda a Festa estão presentes os valores e os ideais de Abril – a Festa do Avante! é, ela própria, um espaço de luta por um novo rumo para Portugal, uma luta que nas circunstâncias actuais tem como objectivos fundamentais a derrota da política das troikas e a demissão do Governo que cumpre o seu turno de serviço a essa política.
Com efeito, a demissão do Governo Passos/Portas continua a apresentar-se como caminho indispensável para pôr termo à dramática situação em que a política de direita mergulhou o País. Este é um governo fora da lei; um governo que não apenas despreza a Lei Fundamental do País, como ostenta provocatoriamente essa postura; um governo que, afrontando, como acaba de fazer, o Tribunal Constitucional, afronta a Constituição da República Portuguesa, e tem na mira da sua acção o próprio regime democrático vigente. Por tudo isso, e pela sua postura provocatória e desestabilizadora; pelo seu ódio aos trabalhadores e ao povo; pela sua prática de terrorismo social – levando o sofrimento, a angústia, a pobreza, a miséria, a fome, a milhões de portugueses – o Governo PSD/CDS põe frontalmente em causa o bom funcionamento das instituições democráticas. E só se mantém no poder, em primeiro lugar, porque conta com a cumplicidade de um Presidente da República que, tendo jurado pela sua honra cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa, há muito que mandou tal juramento às urtigas e se posicionou de costas voltadas para a Lei Fundamental do País; e, em segundo lugar, porque conta com o apoio calculista do PS – esse, bem visível nas palavras do seu secretário-geral, António José Seguro, ao afirmar que a prioridade para 2014 não é a queda do Governo, mas ir para o governo em 2015, no final da legislatura. Ou seja: a prioridade é dar luz verde ao Governo PSD/CDS para fazer tudo o que puder em matéria de devastação social, facilitando assim o trabalho a um futuro governo PS…
Tudo a confirmar que os partidos da troika nacional funcionam em perfeita sintonia, mãos nas mãos, em tudo quanto toca à defesa da política de direita, apenas se preocupando no que respeita a quem é que, em cada momento, cumpre o tal turno de serviço – dentro do consabido esquema: ora agora governo eu, PSD, e tu, PS, finges-te oposição; ora agora governo eu, PS, e é a tua vez, PSD, de te mascarares de oposição… cada um sabendo que pode contar, sempre que necessário, com o apêndice CDS.
Assim, o único caminho capaz de levar à demissão deste Governo e à derrota desta política, seja ela praticada por que governo for, é a intensificação e o alargamento da luta das massas trabalhadoras e populares.
E, como afirmou o camarada Jerónimo de Sousa, no encontro de sábado, na Atalaia, «a Festa do Avante! constitui um momento de confiança, de afirmação e de esperança de que com a luta do nosso povo, é possível não só travar a ofensiva das troikas, mas também derrotar o Governo e demiti-lo».
E assim vai ser.
É certo que no domingo à noite, no fecho da Festa, estaremos todos, construtores e visitantes, naturalmente cansados – mas com aquele cansaço especial que, ao mesmo tempo que nos ensina que valeu a pena, nos dá força e estímulo para continuar e intensificar a luta.
Porque a Festa é luta.
E depois da Festa, a luta continua.