Rumo bem definido em Benavente
Entre o Tejo e o Alentejo, junto à grande Lezíria Ribatejana fica Benavente. À frente dos destinos deste concelho está a CDU, que, nos últimos 33 anos, tem merecido sempre a confiança da população. «É o reconhecimento do trabalho desenvolvido neste concelho», disse, ao Avante!, Carlos Coutinho, 50 anos, actual vereador e cabeça de lista da CDU à Câmara Municipal de Benavente. António José Ganhão, 68 anos, presidente daquela autarquia, vai ser o primeiro candidato das listas da CDU à Assembleia Municipal.
Este é um concelho que contraria os indicadores do País
Também aqui, neste concelho, a Revolução de Abril abriu caminho ao desenvolvimento. «No fascismo as pessoas não tinham quaisquer condições de vida. Tivemos, portanto, que realizar um trabalho de grande profundidade, que é hoje reconhecido por todos», recordou Carlos Coutinho, adiantando que esse mesmo trabalho foi feito «em todas as freguesias e localidades», de modo a que as «condições de vida chegassem a todos, de igual forma».
O candidato referia-se, obviamente, às infra-estruturas básicas que não existiam, como o saneamento, as águas, os pavimentos, a iluminação pública, entre muitas outras intervenções. «Isso permitiu-nos definir uma estratégia importantíssima, que passou por nos afirmarmos pela diferença, em relação a toda a Área Metropolitana de Lisboa. Em termos urbanísticos, por exemplo, procurámos oferecer boas condições de vida e optámos pela baixa densidade na ocupação dos solos. Isto foi um factor determinante para acolher e atrair muita gente», salientou, informando que o concelho de Benavente foi um dos que «nas últimas décadas mais cresceu» a nível nacional e que «maior desenvolvimento registou no distrito de Santarém».
«Este é um concelho que contraria os indicadores do País. Nós temos os menores níveis de envelhecimento de todo o distrito», acrescentou, frisando: «Estes dados também nos trouxeram alguma responsabilidade, proporcionando outras infra-estruturas, como escolas e equipamentos desportivos. Enfim, tudo aquilo que é necessário para que as pessoas possam ter boas condições para poder viver.»
«Situação invejável»
Nestes últimos 33 anos, a CDU conseguiu criar um concelho atractivo e que apresenta bons níveis de desenvolvimento. Para que tudo isto pudesse acontecer foi fundamental «ter sempre um grande equilíbrio na tesouraria da Câmara Municipal». «Temos hoje uma situação invejável, sem dívidas, apesar de neste mandato enfrentarmos uma situação terrivelmente difícil, que tem a ver com as medidas impostas pelos sucessivos governos, desde o PS ao PSD/CDS, e com os cortes directos das transferências da administração central para as autarquias», denunciou Carlos Coutinho, referindo que só nos últimos quatro anos foram cortados mais de 3,5 milhões de euros, num orçamento de cerca de 17 milhões, que davam para «fazer muita coisa», nomeadamente na rede viária, na conclusão das intervenções no parque escolar e na requalificação das zonas históricas.
Até 2018, segundo contas da autarquia, serão retirados mais de 1,5 milhões de euros. «Haverá municípios do nosso país que irão ter muitas dificuldades, face às dívidas acumuladas. Não falo de má gestão, mas das medidas sucessivamente impostas ao Poder Local, que retiraram muitos milhões de euros às autarquias, que, de forma liquida, contribuíram sempre para a consolidação das contas públicas», salientou o candidato à Câmara de Benavente.
CDU tem propostas para o concelho
«O rigor terá de continuar»
Ao Avante!, Carlos Coutinho, referindo-se aos candidatos que o acompanham na lista para a Câmara Municipal de Benavente, considerou «importante o desempenho individual de cada um, mas creio que na CDU, no nosso projecto autárquico, muito mais importante é o colectivo». «Ao longo destes 33 anos tivemos o António José Ganhão, um autarca de prestígio. Mas ele não fez todo o trabalho sozinho, teve, com ele, um conjunto de quadros fundamentais, que, também agora, saberão estar à altura e continuar o projecto que temos para o concelho», acentuou, dando a conhecer que, nos próximos quatro anos, «o rigor terá de continuar a ser uma nota dominante na nossa gestão autárquica».
Também as questões sociais serão valorizadas. «Os problemas sociais vão aumentar significativamente», alertou, acentuando: «Esta será uma área que temos de continuar a dar a máxima atenção, com a consciência de que não teremos recursos e meios para tudo resolver».
Depois, há outras áreas que serão potenciadas. «Uma das preocupações que temos tido é o de preservar o nosso património ambiental e paisagístico. Benavente é hoje e representa o verdadeiro pulmão da Grande Lisboa, pois é aqui que está concentrada a grande mancha florestal», disse Carlos Coutinho. Neste sentido «será importante desenvolvermos o turismo de natureza», desde que a administração central «tenha um contributo fundamental», porque a Câmara Municipal, só por si, «não terá condições para o desenvolver».
Outra área em destaque será a reabilitação urbana. «No nosso programa eleitoral seremos muito precisos naquilo que queremos afirmar. Teremos um rumo bem definido», prometeu.
Governo tem que aprovar o novo PDM
Criar novas empresas
A criação de emprego será outra das áreas de intervenção da CDU para os próximos quatro anos. «Neste percurso de 33 anos soubemos sempre estar atentos aos problemas e procurámos encontrar as soluções para esses mesmos problemas», referiu Carlos Coutinho, reportando-se aos anos 80, onde a crise também ali teve «repercussões muito fortes», com uma «taxa de desemprego elevadíssima». «A nossa indústria, nessa altura, estava ligada essencialmente à transformação das madeiras e da metalo-mecânica. Para ultrapassar essa crise, teve que se diversificar o tecido económico», salientou, dando a conhecer que o concelho chegou a ter «uma maior oferta de trabalho do que a sua população activa» (cerca de 400 postos de trabalho). «Agora, evidentemente, não temos uma redoma de vidro, embora esta estratégia tivesse sido muito acertada», afirmou.
Neste sentido, para contrariar o desastre que foram as políticas nacionais, será necessário criar novas empresas, em áreas tão diversificadas como as agro-alimentares e a indústria automóvel. Para que tal aconteça é preciso retirar o «colete de forças» que os sucessivos governos têm mantido no concelho de Benavente, que se chama Plano Director Municipal (PDM) e que data de 1995.
«Para um concelho que obteve estes níveis de desenvolvimento, o PDM é perfeitamente desajustado e um verdadeiro calvário. Ainda antes desta última crise, tínhamos um conjunto de interesses económicos que procuravam instalar-se no nosso concelho, que, por não termos o PDM revisto, ficaram condicionados», criticou, esperando, contudo, a rápida resolução deste problema, que permitirá «aumentar as áreas industriais e a criação de outras novas».
No entanto, acrescentou, «se o País não inverter de rumo, seguramente que não haverá condições para podermos ter essa atractividade».
Outra das questões que impede a vinda de novas empresas para este e outros concelhos, que só têm como via de acesso a Estrada Nacional 118, são as acessibilidades. «Há cerca de 20 mil viaturas que atravessam, diariamente, Samora Correia e a sede do concelho. Da parte do Poder Central não tem havido respostas suficientes para minimizar esta situação. Mesmo aquilo que se considerava no Plano Rodoviário, com a construção dos Itinerários Complementares, não foi cumprido, e as auto-estradas não cumprem a sua função», acusou Carlos Coutinho, que anunciou, mesmo com os cortes do Poder Central, a construção de uma circular em Samora Correia, feita pela Câmara Municipal, que vai permitir retirar os veículos pesados do troço urbano.