Novo assalto aos rendimentos
O Governo decidiu aumentar a contribuição dos trabalhadores da administração pública para os sistemas de protecção social. É um «novo assalto aos rendimentos do trabalho», acusa o PCP.
Este é um novo corte nos salários e reformas
A decisão governamental foi assumida por decreto-lei em 30 de Julho último (D.L. n.º 105/2013) e a reacção da bancada comunista não se fez esperar com a apresentação nesse mesmo dia de um pedido de apreciação parlamentar para travar o que considera ser mais um roubo nos salários e reformas.
Não há outra forma de qualificar o significativo acréscimo no valor dos descontos dos funcionários públicos para a Direcção-geral de Protecção Social aos Trabalhadores em Funções Públicas (ADSE), a Assistência na Doença aos Militares (ADM) e para a Divisão de Assistência na Doença (SAD).
Em causa, para os trabalhadores no activo e para os reformados, está a passagem, no imediato, do desconto actual de 1,5% dos salários e reformas para 2,25%, contribuição essa que sobe para 2,5% a partir de Janeiro de 2014.
Trata-se, pois, de um aumento de 66% a que corresponde um corte de 152,3 milhões de euros nos salários e reformas dos trabalhadores da administração pública.
Este novo corte nos rendimentos, com «transferência directa» desse dinheiro dos trabalhadores para o Orçamento do Estado, constitui uma afronta e uma indignidade ainda maior se se atender a que, simultaneamente, são reduzidos os descontos efectuados pelas entidades empregadoras públicas, que passam dos actuais 2,5% para 1,25%. Uma redução de 50% que significa uma perda de receita na ordem dos 105 milhões de euros, o que desmente qualquer propósito de «sustentabilidade financeira daquelas estruturas de protecção social no âmbito dos cuidados de saúde», como salientou ao Avante! o deputado Jorge Machado, um dos subscritores da iniciativa legislativa da bancada comunista.
Recorde-se que este novo ataque aos rendimentos dos trabalhadores da administração pública surge na sequência de cortes de 3,5% e 10% nos seus salários, depois do roubo do subsídio de férias e de Natal, depois de brutais aumentos dos impostos, depois de vários anos de congelamento das progressões e dos salários, depois de várias medidas que degradaram as suas condições de vida e de trabalho, atingindo, inclusivamente, a sua dignidade profissional e pessoal.
Alvo da dura crítica de Jorge Machado é por isso o facto de o Governo, ao mesmo tempo que agrava as injustiças e a exploração – e este diploma não pode deixar de ser inserido nesse processo em curso de transferência de dinheiro dos trabalhadores para os grandes grupos económicos - disponibiliza 12 mil milhões de euros para a banca, paga sete mil milhões de euros em juros agiotas ao FMI, abre os cordões à bolsa a muitos milhões de euros para os ruinosos contratos SWAP, para as milionárias PPP e outros tanto milhões para benefícios ficais aos poderosos do dinheiro.