Resposta popular à ofensiva
Trabalhadores de todos os sectores cumpriram, anteontem, 16, uma greve geral na Grécia contra os despedimentos e a abolição de direitos sociais, laborais e políticos.
Povo grego contesta despedimentos e cortes sociais
A paralisação geral foi convocada na passada semana por todas as centrais sindicais, após o governo ter apresentado, dia 9, um pacote legislativo que prevê despedimentos em massa na Administração Pública, bem como um ataque sem precedentes à contratação colectiva, cortes na saúde e restrições ao direito de manifestação.
Reagindo à nova ofensiva, a Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME) organizou, dia 11, manifestações em dezenas de cidades para denunciar o conteúdo das novas leis cozinhadas pelos conservadores da Nova Democracia e os sociais-democratas do PASOK.
Em troca de mais uma parcela do empréstimo internacional, o governo grego acordou despedir até Setembro 2300 auxiliares de educação, dois mil professores e 3500 polícias municipais.
Outros 25 mil funcionários púbicos serão colocados numa chamada «reserva laboral», auferindo 75 por cento do salário durante um período de oito meses, findo o qual serão sumariamente despedidos.
As medidas incluem ainda um novo sistema fiscal, a abolição das convenções colectivas nacionais e sectoriais, o fim dos contratos de trabalho permanentes, a liberalização dos despedimentos e a eliminação do domingo como dia de descanso. O governo grego pretende igualmente impor restrições ao direito de manifestação no centro de Atenas.
Presidentes de câmara em greve
Associando-se ao vasto movimento de protesto, os presidentes dos 325 municípios da Grécia decidiram, dia 12, realizar uma greve de três dias, que se iniciou na segunda-feira, 15, e terminou anteontem coincidindo com a greve geral no país.
A acção foi aprovada pela União Central de Municípios da Grécia (KEDKE) que exige a retirada do projecto de despedimentos em massa no sector público, em particular nas autarquias do país.
A reunião dos edis, realizada num hotel de Atenas, foi acompanhada no exterior por muitas centenas de trabalhadores das autarquias, rodeados por forte dispositivo policial.
Na véspera da greve, centenas de agentes da Polícia Municipal de Atenas manifestaram-se nas ruas da capital grega contra a extinção do seu corpo.
Circulando de moto, centenas de agentes bloquearam a avenida Andreas Singrou, uma das principais vias de acesso ao centro da metrópole, onde se localiza a sede da Nova Democracia, do primeiro-ministro Antonis Samaras.
Também o sindicato dos funcionários municipais realizou no final da tarde uma manifestação em Atenas e, à noite, foi a vez da central sindical da administração pública, Adedy, desfilar na praça Sintagma, em frente ao parlamento.
Na quarta greve geral deste ano, o país ficou praticamente sem transportes terrestres, marítimos e aéreos. Os controladores aéreos, tal como os jornalistas, fizeram uma greve de quatro horas, enquanto os médicos prolongaram a paralisação por 48 horas, assegurando apenas as urgências.