Tahrir contra Morsi
A demissão do presidente egípcio e a convocação de novas eleições é a principal exigência da multidão que se concentrou, domingo, 30, na Praça Tahrir.
22 milhões assinaram uma petição exigindo a demissão do presidente
O protesto convocado para o dia em que Mohamed Morsi cumpriu um ano de mandato mobilizou centenas de milhares de pessoas para o centro da capital, Cairo. Noutras cidades – Alexandria, Mansura, Tanta, Mahalla e Zagazing, segundo a Lusa – também ocorreram manifestações pela demissão do presidente e a realização de um sufrágio antecipado, mas foi na Praça Tahrir que a contestação se mostrou mais expressiva. No Suez, as autoridades assumiram posições para evitar que a iniciativa de massas colocasse em causa o funcionamento do Canal.
Os participantes acusam Morsi de pretender instaurar um regime de inspiração islamita e dizem ter recolhido mais de 22 milhões de assinaturas a exigir a sua saída da chefia do Estado. O presidente, eleito com cerca de 13 milhões e 200 mil votos sustentado pela força organizada da Irmandade Muçulmana, defendeu, domingo, o diálogo como a única solução para o que parece ser um novo ponto alto na crise política e social em que se encontra o país.
Os que se lhe opõem rejeitaram o apelo, ameaçaram dar início a uma campanha de desobediência civil caso Morsi não resignasse até ao final da tarde de anteontem, e lembraram que, em meados de Junho, o presidente nomeou 16 novos governadores, sete dos quais ligados a formações de cariz confessional. O responsável indicado para a província de Luxor (que acabou por não tomar posse) é, inclusivamente, dirigente de um partido radical que reivindicou a autoria do atentado que matou 58 turistas naquela região, em 1997.
Fonte governamental citada pela AFP garantiu, segunda-feira, 1, que confrontados com as acções de massas, quatro ministros apresentaram a sua demissão do executivo. A mesma agência calcula em 16 o número de mortos nos confrontos entre contestatários e apoiantes do presidente, ocorridos nos últimos dias no país.
Desde sexta-feira, 28, que milhares de egípcios pró e anti-Morsi esgrimem com violência os respectivos argumentos. O incidente mais grave verificou-se no domingo à noite, quando um grupo incendiou e vandalizou a sede da Irmandade Muçulmana no Cairo. Pelo menos oito pessoas terão morrido e centenas ficaram feridas no ataque, transmitido em directo pela televisão.
No passado dia 23 de Junho, o ministro da Defesa advertiu que «as forças armadas têm o dever de intervir para impedir que o Egipto mergulhe num túnel sombrio de conflito».