- Nº 2064 (2013/06/20)

POR UMA FORTE GREVE GERAL

Editorial

Os últimos dias ficaram marcados pela impressionante luta dos professores em defesa dos seus direitos e da Escola Pública de qualidade e para todos.

A manifestação de sábado passado com uma participação massiva e cheia de força e combatividade e a extraordinária e significativa adesão à greve de segunda-feira, ao mesmo tempo que confirmam a grande determinação, disponibilidade de luta e coragem dos professores, constituem momentos marcantes da luta contra a política de direita e contra o Governo que, na aplicação dessa política, leva por diante uma autêntica cruzada de devastação de direitos e interesses dos trabalhadores e do povo.

O Ministério da Educação – ou seja, o Governo de Passos Coelho/Paulo Portas – fez tudo para impedir o êxito da luta dos professores. Assumindo a arrogante postura do quero, posso e mando, não hesitou em recorrer a um desbragado vale-tudo – com intenso fedor ao antigamente, ao tempo que «em Abril, Abril venceu» desdobrando-se em ilegalidades, arbitrariedades, provocações, mentiras, insultos, hipocrisias, ameaças. Tudo isto num processo que contou com os habituais «comentadores» e «analistas» de serviço, os quais acompanharam os seus ataques odientos aos professores e a dirigentes sindicais da classe, com a hipócrita afirmação de que «a greve é um direito»…logo acrescentando tratar-se de um direito legal, sim, mas… para não exercer… Assim fazendo uma leitura da lei que traz à memória a que fazia Salazar do célebre artigo 8.º da Constituição fascista, o tal que proclamava «a liberdade de expressão de pensamento sob qualquer forma»…

Mas o que conta é isto: os professores, erguendo um significativo conjunto de poderosas acções de luta, fazendo uma das mais fortes e expressivas greves de docentes até agora realizadas em Portugal, deram a resposta que se impunha a essa vaga caudalosa de atropelos e insultos à legalidade e à inteligência. E afirmaram, convictos, que a luta continua.

De hoje a uma semana, é dia de greve geral – dia grande para as massas trabalhadoras.

Trata-se de uma greve geral que é necessário – e é possível que se traduza numa muito poderosa jornada de luta dos trabalhadores portugueses e de todos os que sofrem na pele as consequências brutais da política de direita.

Uma greve geral que tem o seu espaço primeiro e primordial de concretização no interior das empresas e locais de trabalho, tanto do sector privado, como do sector empresarial do Estado e da Administração Pública.

Uma greve geral que deverá assumir, no próprio dia, significativa expressão de rua através de grandes acções de massas que congreguem todos os descontentamentos, protestos e exigências, e juntem numa luta comum os trabalhadores em greve, os desempregados, os reformados e pensionistas, os jovens, as mulheres, a população em geral, todos os flagelados da política das troikas.

Uma greve geral que pode vir a desempenhar um papel decisivo para a concretização do objectivo de pôr fim à política antipatriótica e de direita ao serviço dos interesses do grande capital nacional e transnacional, e dar início à construção de uma política alternativa, patriótica e de esquerda, ao serviço dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País.

Uma greve geral que, por tudo isso, exige um intenso e perseverante trabalho de preparação, com uma acção de esclarecimento e de divulgação que chegue a todo o lado e ganhe para a participação os segmentos mais hesitantes das massas trabalhadoras – uma acção de esclarecimento e divulgação que derrube o espesso muro de silenciamento erguido pela comunicação social dominante em torno desta importante jornada de luta.

Em resumo: a preparação da greve geral é, daqui até ao dia 27 (o próprio dia incluído), a tarefa fundamental, prioritária – pode mesmo dizer-se: exclusiva dos dirigentes e activistas sindicais e de todos os que, como os militantes comunistas, têm a consciência da importância e do significado desta jornada de luta.

Nunca é demais sublinhar a quantidade e a qualidade da intervenção do colectivo partidário comunista.

Quer dando o seu precioso contributo para o desenvolvimento da luta de massas, no plano unitário; quer levando por diante as suas próprias iniciativas, integrando-as sempre nos objectivos da luta geral dos trabalhadores; quer prosseguindo de forma sistemática a aplicação das orientações definidas pelo XIX Congresso em matéria, designadamente, de reforço do Partido; quer dando início a todo o complexo e trabalhoso – mas sempre fascinante processo que é a construção da Festa do Avante!; quer intervindo nas instituições e aí afirmando e defendendo as posições e as propostas do Partido; quer dando expressão concreta ao vasto programa das comemorações do Centenário do camarada Álvaro Cunhal – os militantes comunistas confirmam todos os dias a superioridade e a singularidade, no quadro partidário nacional, da sua militância. Militância feita de uma elevada consciência política, ideológica e de classe; militância evidenciadora de uma dedicação e de uma entrega totais, só possíveis em homens, mulheres e jovens portadores do mais belo de todos os ideais o ideal comunista – e que, fazendo dele a sua fonte de força essencial, não desistem de lutar por um mundo mais justo, mais livre, mais pacífico, mais humano – um mundo que, como todos os comunistas sabem e o camarada Jerónimo de Sousa acentuou, na sessão comemorativa do Centenário, em Beja, «não acontece: constrói-se e conquista-se» «como se extrai do exemplo de vida de Álvaro Cunhal».