Vibrante desfile em Lisboa culmina campanha do PCP

Tempo de grandes e decisivos combates

O combativo desfile que percorreu no dia 6 as ruas da Baixa lisboeta assinalou o fim da campanha do PCP «Por uma política alternativa, patriótica e de esquerda» que, nos últimos meses, contribuiu para consolidar em muitos milhares de portugueses a convicção de que é necessário e possível construir um País mais justo, soberano e desenvolvido. A campanha pode ter terminado, mas a luta por tal política e por um governo capaz de a concretizar prossegue e tem na greve geral de dia 27 um momento fundamental. Com os comunistas na primeira linha. 

A campanha terminou, mas a luta pela alternativa prossegue

A acção do PCP, que pelo número de pessoas presentes e pela combatividade e determinação que colocaram na sua participação foi mais uma manifestação do que um desfile, marcou o fim de uma campanha política de grande alcance que envolveu profundamente a organização partidária e atingiu sectores e personalidades muito para além dela. Mas foi ao futuro que apontaram as palavras de ordem entoadas com vigor pelas largas centenas de militantes e simpatizantes do Partido ali presentes, a um futuro de muitos e duros combates, sustentados agora por uma reflexão mais aprofundada e pelos imensos contactos estabelecidos no âmbito da campanha.

Percorrendo as principais ruas e praças da Baixa de Lisboa – estação e Praça do Rossio, Rua Augusta, Rua da Conceição, Rua Nova do Almada, Rua do Carmo e Rua 1.º de Dezembro – os manifestantes, muitos dos quais empunhando bandeiras vermelhas com a foice e o martelo, expressavam com clareza as suas exigências e o caminho para as concretizar: «É preciso, é urgente, uma política diferente»; «Contra a exploração, PCP é solução»; «Mais um empurrão e o Governo vai ao chão»; «A ofensiva é brutal, a greve é geral». À sua passagem ninguém ficava indiferente e as expressões de apoio foram constantes.

Unir esforços e vontades

Jerónimo de Sousa, que seguiu durante todo o percurso na faixa que encabeçava o desfile, interveio no final dando razão aos trabalhadores portugueses e à sua central sindical, a CGTP-IN, pela convocação da greve geral para o próximo dia 27. Essa é, garantiu o Secretário-geral do PCP, uma resposta necessária para «pôr fim a esta política de desastre nacional». Garantindo que os trabalhadores e o povo têm nas mãos, com a sua luta e com uma forte participação na greve geral, a «possibilidade de contribuir para pôr fim e inverter este rumo para o abismo» para onde o Governo empurra o País, Jerónimo de Sousa acrescentou ser necessário, por isso, fazer desta uma «jornada memorável de luta dos trabalhadores e do povo português».

Falando em primeiro lugar para os que ali estavam a participar na manifestação do PCP, e que são também muitos dos que erguerão a pulso a própria greve geral, o dirigente comunista afirmou que «esta é a hora de unir esforços, vontades e até coragem para concretizar, tão depressa quanto for possível, o objectivo de pôr fim à vaga de terrorismo social que está em curso. Esta é hora de dar mais força à luta pela rejeição do pacto de agressão, pela demissão do Governo do PSD/CDS e pela exigência da convocação de eleições legislativas antecipadas. É a hora de demissão de um Governo sem legitimidade».

A alternativa existe

Sendo a força que de forma mais coerente e consistente combate a política do Governo e da troika, o PCP não se limita a contestar, apresentando a sua proposta de política alternativa patriótica e de esquerda, parte integrante da sua luta mais geral pela democracia avançada e o socialismo. Esta componente essencial não passou ao lado do discurso do Secretário-geral, que afirmou que a política patriótica e de esquerda que o PCP propõe e corporiza exige uma ruptura com o pacto de agressão e a imediata renegociação da dívida pública nos seus montantes, juros, prazos e condições de pagamento.

A defesa dos sectores produtivos e da produção nacional; a recuperação para o Estado do sector financeiro e de outras empresas e sectores estratégicos; a valorização do trabalho e dos trabalhadores e a reposição de salários, rendimentos e direitos roubados; uma política fiscal de aumento da tributação dos dividendos e lucros do grande capital e de alívio dos trabalhadores e das pequenas e médias empresas; e defesa e recuperação dos serviços públicos; a assunção de uma política soberana e a afirmação do primado dos interesses nacionais nas relações com a União Europeia; e a adopção de medidas que preparem o País face a uma saída do euro são outros dos eixos centrais da política patriótica e de esquerda que o PCP defende e que, a ser aplicada, representaria uma ruptura profunda neste caminho para o abismo que se iniciou com o arranque da contra-revolução, em 1976, agravou-se com a adesão à União Europeia e ao euro e teve na submissão do País à troika estrangeira dos credores um enorme e brutal salto em frente.

A terminar, o Secretário-geral do Partido garantiu que esta alternativa estará tanto mais próxima «quanto mais ampla for a luta do nosso povo e quanto maior a influência política, social e eleitoral do PCP».

 

Mitos para derrubar

Na sua intervenção, Jerónimo de Sousa desmontou os argumentos do Governo PSD/CDS (como os do  anterior, do PS) relativos ao sensível problema da dívida pública, que tem sido utilizado como móbil para destruir direitos, aumentar a exploração do trabalho e promover uma brutal transferência de dinheiros públicos para o grande capital. Para o dirigente comunista, este envididamento externo do País não resultou de supostos gastos excessivos com as funções sociais do Estado, como se repete até à exaustão. As causas residem, sim, na desindustrialização, no abandono do aparelho produtivo, nas privatizações, na financeirização da economia, na submissão às imposições da UE, na adesão ao euro e, mais recentemente, na «resposta à crise do capitalismo e à sua expressão financeira que abriu caminho a uma criminosa espiral especulativa». As chamadas «medidas de socorro» com dinheiros públicos, para os banqueiros e grandes accionistas, a par das medidas ditas de austeridade, serviram apenas e só para promover e intensificar o processo de centralização e concentração da riqueza. 



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