Silenciamento e deturpação
O PCP enviou recentemente dois protestos a outros tantos órgãos de comunicação social pela forma discriminatória como tratam as análises, propostas e actividades dos comunistas. No dia 22, o protesto foi dirigido ao jornal «Público» por silenciar a apresentação dos candidatos da CDU ao município de Setúbal, ocorrida na véspera com a participação do Secretário-geral do PCP, ao mesmo tempo que publica uma entrevista a João Ribeiro que, para além de porta-voz do PS é o candidato deste partido à presidência daquela Câmara Municipal. Tal opção, acrescenta-se na missiva, «não é justificável pelo pretexto da reunião do Conselho Estado (como o cabeçalho das respectivas páginas parece querer disfarçar), já que a qualidade de candidato de João Ribeiro é referida na primeira linha do texto e é matéria tratada em diversas perguntas».
No dia 10, o Gabinete de Imprensa do Partido endereçara um outro protesto, desta feita ao jornal «Expresso», suscitado pela entrevista com o economista João Ferreira do Amaral e da peça «Euro: não há saídas fáceis», publicadas dias antes. O PCP salienta que na entrevista «é surpreendente (ou talvez não) a manifesta tentativa de Clara Ferreira Alves de deturpar as posições do PCP quanto à moeda única». Tanto assim é que se dirige ao entrevistado afirmando que «as suas teorias começam a ser apropriadas pela franja esquerda. Comunistas, bloquistas (...)», sendo o próprio João Ferreira do Amaral a sentir-se obrigado a repor a verdade, recordando que o PCP «sempre foi contra a entrada no euro». Na carta enviada ao director do jornal, garante-se que este episódio «seria só por si motivo para um veemente protesto do PCP, mas deverá evidentemente ser motivo de vergonha para o “Expresso” e para os seus profissionais».
Depois de lembrar as sucessivas posições do PCP, quer as que foram tomadas em vésperas da adesão quer as mais recentes (nomeadamente no debate público realizado a 19 de Março e que contou com a presença, entre outros, de Jerónimo de Sousa e do próprio João Ferreira do Amaral), o Gabinete de Imprensa do Partido rejeita ainda a opção de, na referida peça «Euro: Não há saídas fáceis», terem sido ouvidos economistas e militantes de diversos partidos políticos, à excepção do PCP, precisamente aquele que «desde o primeiro momento se opôs à adesão de Portugal à moeda única e que hoje defende, sem hesitações, que é necessário adoptar “medidas que preparem o País face a uma saída do Euro, seja por decisão do povo português, seja por desenvolvimentos da crise da União Europeia”».
O PCP recordou às direcções de ambos os periódicos os deveres de pluralismo a que estão obrigados.