NOSSOS LUTADORES, NOSSOS HERÓIS, NOSSOS MÁRTIRES

«O exemplo dos que deram a sua vida na luta é com­po­nente es­sen­cial do re­forço do Par­tido»

A ne­ces­si­dade de re­forço do Par­tido – re­forço or­gâ­nico, in­ter­ven­tivo e ide­o­ló­gico – cons­titui uma exi­gência que tem tudo a ver com a his­tória do PCP e o papel que lhe está re­ser­vado de­sem­pe­nhar, e que ele tem as­su­mido, na so­ci­e­dade por­tu­guesa. E é uma evi­dência que quanto mais forte for o Par­tido, me­lhor pre­pa­rado es­tará para cum­prir esse papel nos tempos ac­tuais.

De há no­venta e dois anos a esta parte, o PCP tem sido o par­tido da classe ope­rária e de todos os tra­ba­lha­dores por­tu­gueses, à de­fesa de cujos in­te­resses de­dicou toda a sua vida e ac­ti­vi­dade – sempre, em todos os mo­mentos e si­tu­a­ções, in­de­pen­den­te­mente das con­sequên­cias de­cor­rentes de tal pos­tura. Foi assim nos tempos som­brios do fas­cismo – quando os mi­li­tantes co­mu­nistas foram os únicos a bater-se, or­ga­ni­za­da­mente, contra o re­gime sa­la­za­rista e a sua si­nistra po­lícia fas­cista, as suas per­se­gui­ções, pri­sões, tor­turas, as­sas­si­natos. Foi assim no tempo lu­mi­noso da Re­vo­lução de Abril – quando o co­lec­tivo par­ti­dário co­mu­nista as­sumiu a van­guarda da luta pelas trans­for­ma­ções po­lí­ticas, eco­nó­micas, so­ciais e cul­tu­rais que, con­sa­gradas na Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa, vi­riam a cons­ti­tuir a ma­triz da mais avan­çada de­mo­cracia al­guma vez exis­tente no nosso País. Assim tem sido neste tempo outra vez som­brio da contra-re­vo­lução – em que os mi­li­tantes co­mu­nistas, unidos e or­ga­ni­zados no seu Par­tido, re­sistem aos ini­migos de Abril e à sua sanha des­trui­dora, ocu­pando a pri­meira fila da luta por um Por­tugal de­mo­crá­tico, de pro­gresso, de­sen­vol­vi­mento e de jus­tiça so­cial. E assim será no tempo fu­turo, até à cons­trução do pro­jecto co­mu­nista de cons­trução de uma de­mo­cracia avan­çada ins­pi­rada nos va­lores de Abril, rumo ao so­ci­a­lismo e ao co­mu­nismo – um pro­jecto am­bi­cioso, di­fícil de con­cre­tizar, sem dú­vida, mas que será con­cre­ti­zado, como nos ga­rante a his­tória he­róica de de­ter­mi­nação, de con­fi­ança, de en­trega total, de co­ragem do «nosso grande co­lec­tivo par­ti­dário» ao longo de mais de nove dé­cadas.

 

Dessa his­tória he­róica do seu Par­tido, os co­mu­nistas por­tu­gueses de hoje guardam num lugar muito que­rido das suas me­mó­rias os ca­ma­radas de­sa­pa­re­cidos na luta, «os nossos lu­ta­dores, os nossos he­róis e os nossos már­tires», todos aqueles que, «à luta por uma so­ci­e­dade li­berta de todas as formas de opressão e de ex­plo­ração, de­di­caram as suas vidas», como su­bli­nhou o Se­cre­tário-geral do PCP, na in­ter­venção pro­fe­rida no de­correr da ho­me­nagem a Ca­ta­rina Eu­fémia, no do­mingo pas­sado, em Ba­leizão.

E o ca­ma­rada Je­ró­nimo de Sousa acres­centou, in­ci­sivo: «Evo­camos o nome de Ca­ta­rina Eu­fémia e ao evocá-lo é a his­tória e a luta do PCP que se pro­jectam na nossa me­mória». Assim é: uma his­tória e uma luta cons­truídas pela acção co­ra­josa, re­vo­lu­ci­o­nária de mi­lhares e mi­lhares de mi­li­tantes; uma his­tória e uma luta com ine­vi­tá­veis avanços e re­cuos, vi­tó­rias e der­rotas; uma his­tória e uma luta que, pela sua gran­deza, pelos seus ob­jec­tivos ci­vi­li­za­ci­o­nais e pelas di­fi­cul­dades e obs­tá­culos que se lhe de­param, só são pos­sí­veis de levar por di­ante com a en­trega ab­ne­gada, em todos os mo­mentos e si­tu­a­ções, do imenso e so­li­dário co­lec­tivo par­ti­dário co­mu­nista.

Por­ta­dores do mesmo ideal e com­ba­tendo pelos mesmos ob­jec­tivos pelos quais Ca­ta­rina lutou e deu a sua vida, lu­taram e deram as suas vidas, já neste tempo da contra-re­vo­lução, José Ca­ra­vela e An­tónio Maria Cas­quinha. Uma mesma luta face a ini­migos de fa­mí­lias po­lí­ticas apa­ren­tadas: Ca­ta­rina as­sas­si­nada pelas balas fas­cistas, em Ba­leizão, em 1954; Ca­ra­vela e Cas­quinha as­sas­si­nados pelas balas dos ini­migos de Abril, no Es­coural, em 1979.

Mas, num caso como no outro, a luta con­ti­nuou. E con­ti­nuará. Sempre tendo pre­sente que o re­forço do Par­tido é con­dição in­dis­pen­sável para al­cançar os ob­jec­tivos em cada mo­mento. E que a me­mória do exemplo dos que deram a sua vida na luta é com­po­nente es­sen­cial desse re­forço.

 

Na si­tu­ação ac­tual, a in­ter­venção do Par­tido, en­quanto pro­ta­go­nista de­ci­sivo na or­ga­ni­zação da luta de massas, as­sume uma im­por­tância de­ter­mi­nante. No ce­nário de um go­verno e uma po­lí­tica ile­gí­timos, porque em con­fronto aberto com a Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa; um go­verno que todos os dias em­purra o País para o abismo e rouba pão e di­reitos a mi­lhões de por­tu­gueses, con­de­nando-os ao de­sem­prego, ao em­po­bre­ci­mento, à mi­séria; um go­verno cada vez mais iso­lado no plano so­cial e po­li­ti­ca­mente der­ro­tado, que há muito pôs em causa o re­gular fun­ci­o­na­mento das ins­ti­tui­ções e que se agarra de­ses­pe­ra­da­mente ao poder – num ce­nário como este, é ne­ces­sário e in­dis­pen­sável in­ten­si­ficar e alargar mais e mais a luta or­ga­ni­zada das massas tra­ba­lha­doras e po­pu­lares, vi­sando pôr fim a tal go­verno e a tal po­lí­tica e subs­ti­tuindo-os por um go­verno e uma po­lí­tica pa­trió­ticos e de es­querda, por­tanto ao ser­viço dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País. É pre­ciso, no ime­diato, de­sen­volver todos os es­forços para que a con­cen­tração con­vo­cada pela CGTP-IN para o pró­ximo sá­bado, em Belém, seja uma po­de­rosa acção de massas, capaz de fazer chegar ao Pre­si­dente da Re­pú­blica a exi­gência de, no cum­pri­mento da Lei Fun­da­mental do País, fazer o que cons­ti­tu­ci­o­nal­mente já de­veria ter feito: de­mitir o Go­verno Passos Co­elho/​Paulo Portas – em vez de gastar tempo a dis­cutir no Con­selho de Es­tado o que será o País no Verão do pró­ximo ano…

Con­tri­buir para a in­ten­si­fi­cação e alar­ga­mento da luta é, para os mi­li­tantes co­mu­nistas, na si­tu­ação pre­sente, a ta­refa pri­o­ri­tária – sendo certo que essa é, também, a me­lhor ho­me­nagem que podem prestar a Ca­ta­rina Eu­fémia e a todos os nossos he­róis e már­tires.