TEMPO DE LUTAR, TEMPO DE VENCER
«É na luta organizada das massas que está a solução»
Os resultados da chamada «7.ª avaliação» da troika confirmam todas as análises do PCP no que respeita às consequências do pacto de agressão para Portugal e para os portugueses. Eis o estado a que a política das troikas conduziu o País: mais recessão; défice e dívida agravados e sem solução; mais desemprego a juntar à trágica situação existente nessa matéria; mais dramas para a imensa maioria dos portugueses; mais vantagens, benesses e favores para os mesmos de sempre; mais afundamento nacional. E quanto às «perspectivas de recuperação»… bom, são os próprios – ou seja, os responsáveis pelo estado a que isto chegou – a dizer que elas, as «perspectivas», têm que ser adiadas para 2016 – para já, depois se verá… Não esquecendo que daqui por dois ou três meses, a troika ocupante voltará para fazer nova «avaliação» e dar mais um empurrão no caminho do abismo.
Entretanto, e como era expectável, o Governo não apresenta uma única medida no sentido de inverter a situação. Bem pelo contrário, o que Passos Coelho/Paulo Portas anunciam é o prosseguimento da política antipatriótica e de direita – esta política predadora que sucessivos governos PS/PSD/CDS têm vindo a praticar há quase trinta e sete anos e que, com o Governo actual e com a entrada em acção da troika ocupante, deu um perigoso passo em frente.
Tudo isto coloca com carácter de urgência a necessidade da rejeição inequívoca do pacto das troikas e da ruptura com a política de direita, objectivo que, como o PCP tem referido insistentemente, só será possível de alcançar através do desenvolvimento, intensificação e alargamento de luta organizada das massas trabalhadoras e populares e da unidade entre as forças e sectores democráticos e patrióticos.
No fim-de-semana, os media deram grande destaque a afirmações do secretário-geral do PS sobre uma tal «hora da mudança» que, segundo o próprio anunciou, estaria a «chegar» mais minuto menos minuto.
Que «mudança» é essa que o PS anuncia? A coisa não foi explicada, mas sabendo o que a casa gasta, é mais do que certo tratar-se de uma «mudança» de faz-de-conta com objectivos exclusivamente eleitoralistas, ou, se se preferir, de caça ao voto.
Mudança seria o PS anunciar a decisão de rejeitar o pacto de agressão e de se bater pela ruptura com a política de afundamento nacional. Mudança seria o PS anunciar a disposição de defender uma política de sentido inverso à que tem vindo a ser aplicada; de lutar por uma política democrática, de esquerda, patriótica que, tendo como referência os valores de Abril, dê prioridade absoluta à defesa dos interesses de Portugal e do povo português.
Mas não é essa, sabemo-lo bem, a «mudança» anunciada por António José Seguro. O PS está hoje, como desde sempre esteve, de pedra e cal com a política de direita, essa política da qual foi, é bom não esquecer, o iniciador, no longínquo ano de 1976 – e que, de então para cá, ora no Governo, ora mascarado de «oposição», sempre apoiou com todas as suas forças.
E o que o PS pretende neste momento é, tão-somente, substituir PSD e CDS e ir para o Governo fazer, no essencial, a mesma política e dar continuidade à alternância até agora protagonizada por um vasto leque de representantes dos partidos da política de direita, designadamente, por ordem de entrada em cena, Mário Soares, Cavaco Silva, António Guterres, Durão Barroso, José Sócrates, Coelho/Portas…
Impedir esse caminho e lutar pela necessária mudança, é a tarefa principal que hoje se coloca aos trabalhadores e ao povo português. Uma tarefa para o êxito da qual podem contar com o contributo do PCP.
Insista-se sempre, repita-se tantas vezes quantas as necessárias: é na luta organizada das massas trabalhadoras e populares que está a solução capaz de abrir caminho a um novo rumo para Portugal com a implementação de uma política patriótica e de esquerda.
E a luta cresce e amplia-se. Nos últimos dias vieram para a rua, numa combativa manifestação, os trabalhadores da Administração Pública; e os enfermeiros de Coimbra exigiram o respeito pelos seus direitos e interesses; e as populações da Marateca e do Poceirão ergueram as suas vozes em defesa das freguesias que lhes querem roubar; e as populações de Portimão bateram-se contra cortes de transportes; e a Inter-Reformados movimentou-se; e os estudantes do Secundário disseram das suas razões – e, noutro registo que nem por isso deixa de ter profundo significado, Cavaco Silva ouviu justos protestos em Bragança e Passos Coelho idem-idem em Aveiro e no ISCSP.
E a luta continua, pois então: ainda neste mês de Março, e para além do vasto leque de acções marcadas, os trabalhadores dos Estaleiros de Viana do Castelo deslocar-se-ão a Lisboa, no dia 26, numa importante jornada de luta – a qual contará certamente com o apoio solidário dos trabalhadores da capital; e no dia seguinte será o dia da grande manifestação convocada, também para Lisboa, pela Inter-Jovem.
E é assim, lutando, que se dá a volta a isto. Para derrotar este Governo e esta política antes que este Governo e esta política acabem com o País, como acentuou o Secretário-geral do PCP, perante 1200 camaradas e amigos, em Arraiolos, no domingo passado – dois dias depois de, também comemorando o 92.º aniversário do Partido, ter participado numa iniciativa no Funchal com mais de 600 presenças. Num lado e no outro, o camarada Jerónimo de Sousa insistiu na necessidade imperiosa do reforço do Partido – condição indispensável para levar por diante, em todas as frentes, a luta que construirá a necessária alternativa política com uma política ao serviço dos trabalhadores, do povo e do País.