O PCP condenou a intervenção militar estrangeira em curso no Mali, notando que «é indissociável da deriva militarista e intervencionista da NATO, da União Europeia (UE) e das principais potências.
Numa nota enviada, dia 17, à imprensa, o PCP considera que a intervenção militar «protagonizada pela França e envolvendo outras potências imperialistas», tem lugar «num quadro de aprofundamento da crise do capitalismo e na sequência de vários processos de incremento da ingerência externa, de militarização do continente – de que se destaca o Comando Militar norte-americano para África AFRICOM – e de desestabilização de vários países, visam acentuar o domínio económico, político e geoestratégico do imperialismo neste continente e pôr em causa a soberania e integridade territorial de vários dos seus estados».
«A intervenção militar no Mali, desencadeada mais uma vez sobre o pretexto do “combate aos terroristas islâmicos”, nomeadamente a grupos que como é público colaboraram activamente na agressão e invasão imperialistas da Líbia, é indissociável dos planos de várias potências imperialistas, nomeadamente a França, de reconstruir a sua teia de domínio colonial destruída por décadas de luta dos povos africanos, controlar e explorar os abundantes recursos naturais da região, e em particular do Mali, nomeadamente o petróleo e outra riquezas do subsolo como o urânio».
A nota acrescenta ainda que «a situação interna no Mali é, à semelhança de outras situações, quer no continente africano quer noutras regiões do globo, o resultado concreto da estratégia imperialista de instigação de conflitos sectários, religiosos e étnicos que, servindo de pretexto para a agressão e ocupação militares imperialistas, é em si mesma a origem do fortalecimento dos radicalismos religiosos e do terrorismo».
«É à luz deste contexto que deve ser lido o conflito interno no Mali. Um conflito que por via da intervenção estrangeira poderá estender-se a outros países da região nomeadamente à Argélia. A situação interna do Mali só terá solução no quadro do respeito pela soberania e integridade territorial do país, livre de ingerências e intervenções militares externas.»
O PCP «deplora a posição do Governo português que invocando a defesa da estabilidade e integridade territorial do Mali, bem como a paz e segurança regionais, apoia uma intervenção militar que apenas servirá para introduzir maiores elementos de instabilidade naquele país e na região».
Conselho da Paz expressa indignação
Também o Conselho Mundial da Paz (CMP) denunciou «a brutal intervenção da França no Mali, que está a ser levada a cabo com o apoio da União Europeia e da NATO».
Numa posição divulgada dia 16, esta organização sublinha que a intervenção francesa é a «continuação da execução dos planos imperialistas para o controlo geoestratégico de amplas zonas de África».
«O CMP expressa a sua indignação por este novo crime imperialista da França, que também se prepara, juntamente com os seus aliados da NATO, para intervir contra a Síria ao mesmo tempo que ameaça o Irão».
«Denunciamos o massacre do povo do Mali pelas forças imperialistas e apelamos aos povos do mundo amantes da paz a reagir com diversas acções contra os planos imperialistas em África», conclui a nota do CMP.
Por seu lado, na segunda-feira, 21, o presidente do Egipto, Mohamed Morsi, criticou duramente a intervenção francesa, considerando que vai atiçar o conflito na região e ameaçar a segurança da Argélia, país ao qual o chefe de Estado manifestou total apoio.
A França iniciou o desembarque de tropas no Mali no dia 11, contando com o apoio expresso de vários países europeus, para já limitado ao transporte aéreo e apoio logístico dos militares.
Alguns países da região, designadamente a Nigéria, Níger, Burkina Faso, Togo Chade e Benim, enviaram efectivos para o teatro de guerra num total de mil homens, que se somam ao contingente francês de 2150 soldados.