A chantagem da Renault

Construir mais automóveis com menos trabalhadores, eis a fórmula que a marca francesa propõe aos seus trabalhadores para manter as fábricas em funcionamento no país.

No concreto, o grupo pretende passar de uma produção média de 12 para 17 veículos por trabalhador/ano já em 2016, o que lhe permitirá um ganho de 400 milhões de euros.

Até lá 7500 operários deixarão a marca, seja por aposentação ou por rescisões amigáveis.

O fabricante justifica as medidas draconianas com os fracos resultados comerciais.

As fábricas em França funcionam a 61 por cento da sua capacidade, ou seja, estão 20 pontos percentuais abaixo do limite da rentabilidade.

O actual corte anunciado de 14 por cento dos efectivos em França, ligado certamente à conjuntura, tem no entanto de ser inserido no contexto mais amplo de declínio do sector automóvel gaulês, onde só nos últimos dez anos foram destruídos 39 mil empregos.

Com as actuais políticas de austeridade que reduzem o consumo das massas ao mínimo, cavando a recessão económica, a Renault poderia responder à procura com apenas quatro das seis fábricas que mantém em França.

É pois a partir desta situação que o construtor aposta no aumento da exploração dos operários, como única via que vislumbra para recuperar as taxas de lucro e manter as unidades em funcionamento.

Só que tal não acontecerá sem ter de enfrentar a luta determinada dos trabalhadores, sobre os quais têm recaído sacrifícios consecutivos.



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