- Nº 2041 (2013/01/10)
MDM acusa Governo

Política contrária aos interesses dos portugueses

Nacional

No encerramento do «Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações», o Movimento Democrático de Mulheres (MDM) alertou que «o envelhecimento tem aumentado, de forma preocupante», calculando-se que, até 2050, os 27 estados-membros da União Europeia terão mais de 58 milhões de idosos.

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Portugal foi um dos países que aderiu a estas comemorações, o que significa que concorda com a promoção dos mais velhos e a integração do seu saber e experiência em actividades úteis para todos os cidadãos. «Mas como será possível assumir o compromisso se o Governo PSD/CDS pratica exactamente uma política contrária a estes propósitos?», questiona, em nota de imprensa, o MDM, referindo-se, por exemplo, aos cortes «nos salários e pensões de reforma e nos serviços de saúde», ao aumento «das taxas moderadoras e dos preços dos medicamentos», à degradação «da qualidade dos transportes públicos e à subida dos seus preços e dos passes sociais», ao aumento «dos preços de bens essenciais e das rendas de casa».

Face às medidas aplicadas pelo Executivo PSD/CDS, «que só têm agravado os problemas do País», o MDM entende que a adesão aos princípios do «Ano do Envelhecimento Activo» foi apenas formal e que o Governo «não só não alterou nada como piorou todo o contexto de vida das populações e em particular a dos idosos». «As famílias, sob o peso dos constrangimentos económicos e sociais, renunciam a ter filhos. Os jovens, perante o aumento continuado do desemprego, abandonam o País à procura de novas oportunidades», lamenta o Movimento, explicando que «estes factores contribuem fortemente para o aumento do envelhecimento em Portugal».

Condenadas ao abandono

No documento enviado para as redacções, o MDM dá ainda a conhecer que em 2011 por cada 100 homens idosos havia 109 mulheres e que por cada 100 jovens havia 152 mulheres idosas. «São elas [as mulheres] as maiores vítimas da prepotência do Governo», denuncia o Movimento, lembrando o «congelamento das suas pensões de reforma», inferiores às dos homens, a «ausência ou escassez de estruturas públicas de apoio ou compensações» que diminuam a penúria e as empurram para a pobreza, obrigando-as ao «isolamento e solidão que vivem penosamente».

«Mulheres idosas com 65 e mais anos a viverem sozinhas, isoladas, representavam, em 2011, 77,1 por cento da população. As mulheres, que têm maior longevidade, não podem ser condenadas ao abandono, afastadas da vida em comunidade e até morrerem, por falta de assistência», salienta o MDM, que denuncia e repudia «esta política abusiva, criminosa e destrutiva da vida dos portugueses, inteiramente seguidora da troika e dependente dos mercados financeiros» e que «está a conduzir o País à ruína».

Outras alternativas

No entanto, segundo o Movimento de Mulheres, «há outras vias, outras alternativas potenciadoras do investimento e do emprego e do aumento da produção nacional, no caminho do desenvolvimento económico, social e cultural».

«As mulheres mais velhas merecem o nosso respeito pelo muito que já fizeram e pela contribuição valiosa que ainda podem prestar. Mulheres que produziram toda a vida têm direito a reformas, pensões e protecção social dignas. Mulheres guardiãs de saberes e experiências únicas, necessitam de espaços de convivência com gerações de todas as idades, necessitam de participar em iniciativas diferenciadas, de modo a não estiolarem as suas capacidades», defende o MDM, que exige «a criação de condições e o desenvolvimento de meios que facilitem a integração das mulheres idosas na comunidade, a fim de continuarem activas, recuperando assim a auto-estima e a dignidade como cidadãs de pleno direito».