DUAS QUESTÕES FULCRAIS
«Há um futuro de desenvolvimento, de progresso e de justiça social para o nosso País»
Mesmo em vésperas de Natal, a luta continuou. Exemplo disso, entre muitos outros, foi a concentração que, no dia 22, juntou milhares de pessoas em Belém, fazendo frente à ofensiva com a qual o Governo PSD/CDS visa a liquidação de mais de mil freguesias.
Recorde-se que, a montante desta concentração e conferindo-lhe representatividade e força, está um vastíssimo conjunto de lutas levadas a cabo pelas populações, pelos autarcas e pelos trabalhadores da administração local, durante todo o ano e em todo o País. Lutas que, no plano nacional, atingiram expressão maior e de mais relevante significado com a gigantesca manifestação de Março passado. Lutas que são bem elucidativas da rejeição, por parte das populações, da operação governamental de desmantelamento dessa importante conquista de Abril que é o Poder Local Democrático. Lutas nas quais o PCP participou intensamente, inclusive através da acção do seu Grupo Parlamentar, e que têm que prosseguir, por esse e por outros objectivos, pois só através da luta organizada das massas trabalhadoras e populares é possível fazer frente e derrotar a política de direita, antipatriótica e antipopular, que há mais de trinta e seis anos vem afundando Portugal e condenando os trabalhadores e o povo a condições de trabalho e de vida que só encontram paralelo nos sinistros tempos do fascismo. O que não surpreende, se tivermos em conta o carácter de classe da política de direita praticada pela troika PS/PSD/CDS, desde 1976, através de sucessivos governos. Governos a funcionar, todos eles, como verdadeiros conselhos de administração dos interesses do grande capital e, portanto, servindo fielmente o dono; governos que, ao serviço desses interesses, exibem o seu profundo ódio de classe a Abril, às suas conquistas, aos seus valores, ao projecto de futuro que transportam.
Um dia antes da concentração acima referida, o primeiro-ministro, na Assembleia da República, reconhecendo que este foi o pior ano para os portugueses desde 1974, afirmava que 2012 foi o ano em que «mais se semeou para evitar nova crise» – e na chamada «Mensagem de Natal» garantiu que «em 2013 vamos continuar a preparar o nosso futuro». («nosso», isto é: deles, dos mesmos de sempre).
Ora, de tais semeaduras e de tais semeadores de futuro, não podemos esperar senão mais problemas, mais dificuldades, mais privações, mais injustiças, mais dramas para os mesmos de sempre: os trabalhadores e o povo – e mais benefícios, mais vantagens, mais lucros, mais fartura para os mesmos de sempre: os grandes grupos económicos e financeiros.
Basta olhar para essa ameaça terrorista que é o Orçamento do Estado para 2013, para se perceber de que «sementes» fala o primeiro-ministro e quais os «frutos» que delas nascerão se as deixarmos brotar da terra: mais desemprego; mais precariedade; mais atentados aos direitos laborais; mais ataques aos salários, pensões e reformas, roubando aos trabalhadores do sector privado os subsídios de Natal e de férias que já roubaram aos do sector público; mais ataques à Saúde e à Educação; mais privatizações e mais desprezo pela independência e a soberania nacional… Enfim, mais-do-mesmo, mais medidas governamentais a fazer lembrar os tempos que, em Abril, Abril venceu.
Insistamos, então, numa das duas questões fulcrais que hoje se nos colocam: para impedir que os objectivos das forças da política de direita se concretizem, só há um caminho: o da luta, o da intensificação da luta da massas, atraindo a ela novos segmentos das massas trabalhadoras e populares e, assim, conferindo-lhe a força necessária para dar a volta a isto, para derrotar a política antipatriótica e de direita e para impor a necessária alternativa patriótica e de esquerda.
E a verdade é que, se os mais de trinta e seis anos de política de direita roubaram aos trabalhadores e ao povo o Natal de alegria e conforto que desejavam e mereciam, não lhes roubaram – nem conseguirão jamais roubar – a determinação de lutar, inclusive em plena quadra natalícia, pela defesa dos seus interesses e direitos; de lutar contra as troikas predadoras e pela rejeição do famigerado pacto de agressão; de lutar pela alternativa política e pela política alternativa que implementarão em Portugal uma política patriótica e de esquerda inspirada nos valores de Abril.
A segunda questão fulcral é a que diz respeito à necessidade imperiosa do reforço do PCP, condição indispensável quer para a intensificação e ampliação da luta de massas, quer para dar à luta o sentido e o conteúdo necessários.
Como a realidade nos tem mostrado ao longo dos mais de noventa anos de vida e de luta do colectivo partidário comunista, o partido da classe operária e de todos os trabalhadores é a única força que sempre, em todos os momentos e em todas as circunstâncias – nos tempos negros do fascismo; nos tempos empolgantes da Revolução de Abril; e neste tempo outra vez sombrio da devastadora política das troikas – ocupou a primeira fila da luta pela defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País.
E como o recente XIX Congresso sublinhou de forma inequívoca, é esse o caminho que o PCP continuará a trilhar. Com a determinação e a confiança de sempre e transportando a certeza de que há um futuro de desenvolvimento, de progresso e de justiça social para o nosso País. E que a conquista desse futuro está ao nosso alcance e depende essencialmente da força da luta organizada das massas trabalhadoras e populares.