AS TAREFAS DOS COMUNISTAS

«Grandes e inadiáveis tarefas se colocam ao colectivo partidário no novo ano que aí vem»

A luta continua. Que assim é demonstraram-no os muitos milhares de trabalhadores e trabalhadoras que no sábado passado, ao apelo da CGTP-IN, depois de desfilarem pelas principais artérias da cidade do Porto – sempre solidariamente saudados pela população – se concentraram na Praça da Batalha. Combativos, convictos e determinados, oriundos de vários pontos do Norte do País, estavam ali para dizer «não!» à política de direita e para exigir uma nova política ao serviço dos interesses dos trabalhadores, do povo e de Portugal.

E assim voltará a ser no próximo sábado, desta vez em Lisboa, em manifestação de Alcântara a Belém, também por iniciativa da única Central Sindical que de facto defende os interesses e direitos dos trabalhadores portugueses; também contra a política de afundamento nacional; também dizendo que é tempo de acabar com a política de direita – e exigindo ao Presidente da República que, de uma vez por todas, cumpra e faça cumprir a Constituição da República Portuguesa vetando este Orçamento do Estado fora-da-lei.

E é mais do que certo que luta continuará, de Norte a Sul do País, em pequenas, médias e grandes acções de massas, nos sectores, nas empresas e locais de trabalho, nas localidades, em todo o lado onde se fazem sentir as consequências dramáticas da política das troikas, em todo o lado onde cresce o sentimento de repúdio por essa política e ganha força a exigência de uma política ao serviço do interesse nacional – que é o interesse dos trabalhadores, do povo e do País.

Nunca como na situação actual foi tão evidente a importância decisiva da luta das massas trabalhadoras e populares e a confirmação de que a luta vale a pena. Sem ela, o que seria hoje Portugal? Sem ela, que muito maiores dramas e problemas não assolariam hoje os trabalhadores e o povo? Sem ela o que nos restaria do que Abril nos trouxe? Sem ela que seria do nosso futuro?

Se é verdade – e é – que os trabalhadores e o povo deparam com poderosos obstáculos e dificuldades para fazerem valer a justiça das suas reivindicações; se é verdade que os seus inimigos – o grande capital e os seus serventuários das troikas – não olham a meios para alcançar os fins e, em matéria de métodos e práticas de actuação, fazem do vale-tudo a sua principal arma; se é verdade tudo isso, não é menos verdade que não há força capaz de deter a força vencedora da luta organizada dos trabalhadores.

A necessidade da continuação da luta é tanto maior quanto, como a realidade vem mostrando e o Orçamento do Estado para 2013 confirma, as perspectivas de evolução da situação do País são extremamente negativas. Sem surpresa, já que da política ilegítima das troikas outra coisa não há que esperar que não seja mais e mais medidas contra os legítimos interesses dos trabalhadores e do povo – aumentando o desemprego; roubando nos salários, pensões e reformas; investindo brutalmente contra os direitos laborais; destruindo implacavelmente os serviços públicos essenciais; vendendo ao desbarato empresas públicas fundamentais; liquidando aspectos cruciais do poder local democrático; espalhando a pobreza, a miséria, a fome. E, do outro lado deste cenário trágico, estão os cofres cada vez mais cheios dos donos dos grandes grupos económicos e financeiros – que é, afinal, o grande objectivo da política de direita que, praticada pelo PS, o PSD e o CDS há mais de trinta e seis anos, flagela impiedosamente Portugal e os portugueses.

Ora, com a luta é possível travar e vencer esta política; é possível impor uma política de sentido oposto que inicie a resolução dos muitos e graves problemas existentes; é possível construir uma alternativa política assente numa política alternativa.

Sobre os caminhos conducentes à construção dessa alternativa, elas centram-se basicamente, como sublinham as conclusões do XIX Congresso do PCP, no reforço do Partido, na alteração da actual correlação de forças e no desenvolvimento, ampliação e intensificação da luta dos trabalhadores de outras camadas sociais – objectivos que constituem a tarefa prioritária e fundamental da acção do colectivo partidário comunista.

No comício realizado em Alverca, no último sábado, o Secretário-geral do PCP, camarada Jerónimo de Sousa, falando para centenas de militantes e simpatizantes comunistas, referiu o enorme êxito que foi o XIX Congresso e o impacto positivo que ele teve no colectivo partidário e na população em geral. Um êxito e um impacto que abrem amplas perspectivas para o reforço orgânico, político e ideológico do Partido e para a intensificação da actividade partidária, tendo sempre presente o objectivo primordial de tornar mais e mais forte a luta de massas, imprimindo-lhe a força, a dinâmica e os ritmos necessários para a construção da necessária alternativa política.

Assim, são grandes e inadiáveis as tarefas que se colocam ao colectivo partidário no novo ano que aí vem. Tarefas cuja concretização é decisiva para se alcançar o objectivo de substituir a política das troikas por uma política patriótica e de esquerda. Tarefas para o cumprimento pleno das quais se torna indispensável a aplicação das orientações e linhas de acção definidas pelo XIX Congresso – orientações e linhas de acção que, construídas colectivamente, serão colectivamente postas em prática, à nossa maneira comunista.

Tarefas que integram, no decorrer de todo o ano de 2013 e em todo o País e nas emigrações, as múltiplas iniciativas com as quais «o nosso grande colectivo partidário» assinalará o centenário do nascimento do camarada Álvaro Cunhal.