Povo egípcio contesta despotismo
Os egípcios permaneciam, anteontem, na Praça Tahrir, em protesto contra o que consideram ser um sequestro do poder levado a cabo pelo actual presidente. Desde a passada sexta-feira que dezenas de milhares de pessoas têm passado pelo centro do Cairo exigindo a Moahmed Mursi que volte atrás no decreto emitido quinta-feira, 22. Em causa está uma norma que impede os poderes judicial e legislativo de actuarem contra qualquer decisão de Mursi, do parlamento e da Assembleia Constituinte.
O presidente defende que o objectivo é proteger as instituições e salvaguardar a revolução iniciada em 2011, e assegura que a medida é transitória. O ministro da Justiça, Ahmed Meki, veio, entretanto, apoiar a decisão e qualificou a contestação dos juízes como «um mal entendido», garantindo que brevemente as divergências estarão ultrapassadas, assim como a crise política.
Apoiantes de Mursi e forças de segurança esgrimem argumentos nas ruas do Cairo e de Alexandria com os opositores do presidente. As batalhas campais sucedem-se e pelo menos uma pessoa morreu (durante um cerco a um edifício da Irmandade Muçulmana) e cerca de 300 foram detidas entre sábado e segunda-feira.
O confronto mais grave ocorreu no domingo, 25, quando uma multidão pretendia assinalar o primeiro aniversário do massacre de 45 egípcios junto a um edifício governamental na capital. Na altura, era o marechal Hussein Tantawi o alvo das comparações com o deposto ditador Hosni Mubarak, do qual havia sido, aliás, homem de confiança.
A Irmandade Muçulmana apela, e tem tido sucesso, a que se realizem acções de massas de apoio ao presidente Moahmed Mursi. Do outro lado da barricada, uma coligação heterogénea de 26 partidos e organizações políticas tem conseguido garantir uma muito maior mobilização popular contra o que consideram ser uma clara demonstração de despotismo.