Em defesa da educação
Estudantes e professores chilenos manifestaram-se anteontem pela educação pública, gratuita e de qualidade. No Norte do continente americano, também os universitários do Quebec voltaram aos protestos contra o aumento das propinas.
O objectivo é combater a elitização do ensino
À convocatória lançada pela Confederação de Estudantes do Chile e pela Coordenadora Nacional de Estudantes Secundários, somaram-se pais e professores, confirmando a mobilização de carácter unitário e massiva em torno da defesa da educação pública, gratuita e de qualidade, a que apelaram, aliás, os porta-vozes dos alunos das universidades e liceus.
Os docentes marcham igualmente por uma carreira digna e por melhores condições de trabalho, precisou Jaime Gajardo do Colégio de Professores. «Estaremos em Santiago solidários com os alunos e a sua luta», expressou, por seu lado, Dafne Concha, presidente da Coordenadora de Pais pelo Direito à Educação e representante da Mesa Social Novo Chile.
Também a Central Unitária dos Trabalhadores, a maior central sindical do país, anunciou a sua participação no desfile, apelando aos trabalhadores a fazerem sua a justa reivindicação de profundas reformas no sistema de ensino chileno, considerado um dos mais desiguais do mundo.
A manifestação de anteontem em Santiago sucede a uma série de acções reivindicativas levadas a cabo nas últimas semanas por parte dos estudantes, às quais o governo liderado por Sebastián Piñera tem respondido invariavelmente com repressão.
Na quinta-feira, 23, uma marcha de estudantes do Secundário na capital terminou em confrontos com a polícia e 139 jovens detidos.
Apesar das operações de desalojamento realizadas pelos carabineiros, uma dezena de liceus de Santiago permanece ocupada pelos estudantes, bem como o edifício central da Universidade do Chile.
Já em Montreal, no Quebec, Canadá, os universitários voltaram a sair à rua, quarta-feira, 22, para contestarem o aumento das propinas em 82 por cento nos próximos sete anos.
A manifestação não teve a dimensão das acções de massas anteriores cujo objectivo é combater a elitização do ensino, mas os promotores do protesto consideram que a iniciativa pode contribuir para a erosão eleitoral do primeiro-ministro do Quebeque, Jean Charest, e do seu partido, o Liberal, principais promotores da proposta de aumento da taxa de frequência do Ensino Superior.
No próximo dia 4 de Setembro há eleições gerais na província do Quebeque.