Capitalismo e solidariedade cristã: as voltas que o mundo dá!..

Jorge Messias

«Pois é muito mais grave cor­romper a fé, da qual vem a vida da alma, que fal­si­ficar di­nheiro pelo qual a vida tem­poral é sus­ten­tada…Para aqueles que têm fé, ne­nhuma ex­pli­cação é ne­ces­sária» (Tomás de Aquino, Sé­culo XIII, «Suma Te­o­ló­gica»).

«Para gerir a eco­nomia global, para re­a­nimar os sis­temas, para evitar qual­quer de­gra­dação e mai­ores de­si­gual­dades so­ciais; para pro­mover um in­te­gral de­sen­vol­vi­mento, se­gu­rança, ali­mentos e paz; para pro­teger o meio-am­bi­ente… para tudo isto há ur­gente ne­ces­si­dade de uma ver­da­deira au­to­ri­dade po­lí­tica mun­dial!...» (papa Bento XVI, en­cí­clica «Ca­ritas in Ve­ri­tatis»).

«Basta um mí­nimo de atenção e de re­flexão para se com­pre­ender que existem meios de com­bater a ca­tás­trofe e a fome, que as me­didas a tomar são ab­so­lu­ta­mente claras e sim­ples, per­fei­ta­mente re­a­li­zá­veis, ca­bal­mente à me­dida das forças do povo e que, se essas me­didas não são to­madas é única e ex­clu­si­va­mente porque a sua apli­cação afec­taria os lu­cros exor­bi­tantes de um grande pu­nhado de pro­pri­e­tá­rios ru­rais e ca­pi­ta­listas» (V. I. Le­nine, «Sobre a na­ci­o­na­li­zação da banca», Edi­ções Seara Nova).

 Agora, tudo está como se vê. Alastra mesmo, no con­senso geral, a noção de que o ca­pi­ta­lismo clás­sico, ba­seado na men­tira e na ficção, está de­ci­di­da­mente per­dido. Não tarda nada, o poder dos ricos, para so­bre­viver, terá de re­gressar ao re­curso à força bruta re­pres­siva. Dir-se-á, então: mas isto é o re­gresso ao fas­cismo!

Pois é…

Temos de re­agir e varrer desde já das nossas ca­beças as teias de aranha que por­ven­tura ainda nelas existam. Po­li­ti­ca­mente, só os co­mu­nistas serão ca­pazes de en­qua­drar a re­sis­tência do povo e de abrir ca­minho a uma ver­da­deira cons­trução de­mo­crá­tica da so­ci­e­dade.

Fa­lá­vamos aqui, na se­mana pas­sada, do que a Igreja pro­mete e da­quilo que ela faz. Do que as hi­e­rar­quias pro­clamam e como se com­portam de­pois, na vida real. E a dou­trina so­cial da Igreja pode con­firmar nos seus con­teúdos, quando com­pa­rados com as prá­ticas ca­tó­licas, as crí­ticas sobre ela as­su­midas pelo mundo laico. Se a Terra é cada vez mais um lugar de so­fri­mento, em grande parte é porque a Igreja assim o quer. A força do di­nheiro ali­menta-se com a seiva da re­li­gião.

Com a Nova Ordem Mun­dial, en­con­tramo-nos pe­rante um pro­jecto apa­ren­te­mente de loucos e de al­tís­simo risco para toda a hu­ma­ni­dade. A su­cessão diária de acon­te­ci­mentos hor­ri­pi­lantes mas que se in­serem numa mesma linha ló­gica, provam que esse plano existe.

Há «gente» a mais no mundo que não é massa com­pra­dora. Há pe­quenos países pe­ri­fé­ricos que re­pre­sentam um en­cargo inútil para os mo­no­pó­lios. Há na­ci­o­na­lismos eu­ro­peus que devem ser lan­çados ao lixo da his­tória. É para re­solver esses pro­blemas cen­trais dos mo­no­pó­lios que o poder po­lí­tico re­a­viva a questão que surge de tempos a tempos como um tro­peço de qual­quer novo im­pe­ri­a­lismo: é ne­ces­sário impor, pre­vi­a­mente, as leis de uma Nova Ordem Mun­dial. Acon­tece isto ac­tu­al­mente como nos tempos an­tigos, bí­blicos, do im­pério ro­mano, da idade média feudal, do ab­so­lu­tismo em fase final ou do na­zismo so­cial-de­mo­crata.

A Nova Ordem ou Nova Era que os il­lu­mi­nati querem fazer avançar, partem ambas de um es­tudo de mer­cado. O mundo tem gente a mais. Há mi­lhões e mi­lhões de seres inú­teis. Pa­ra­sitas que re­pre­sentam um gi­gan­tesco en­cargo fi­nan­ceiro. É ur­gente, por­tanto, re­duzir a po­pu­lação mun­dial para um li­mite má­ximo acei­tável. «Cortar» dos sete bi­liões exis­tentes para, quanto muito, 2 bi­liões de pes­soas.

É uma ta­refa gi­gan­tesca que exige muita co­ragem. Os tec­no­cratas il­lus­trati pro­põem-se, por isso, lançar desde já guerras hu­ma­ni­tá­rias que sejam campo ex­pe­ri­mental de novas armas de des­truição ma­ciça. E, como as guerras pro­duzem efeitos la­te­rais – fomes, do­enças, mi­séria, di­visão, an­gústia, epi­de­mias – será de es­perar que esta pri­meira fase das ope­ra­ções re­pre­sente um êxito no­tável, com re­sul­tados pre­vi­sí­veis cal­cu­lados num saldo po­si­tivo de 80% a 90% de mortes. Se, mesmo assim, as metas pre­vistas não forem al­can­çadas, fi­cará sempre em aberto o re­curso a uma Ter­ceira Guerra Mun­dial.

Não nos afas­temos, porém, do nosso rumo ini­cial. Vol­temos a Es­panha, a Por­tugal, às redes fi­nan­ceiras que a Igreja ins­talou e à forma como a in­ter­venção ac­tiva nas ope­ra­ções de con­cen­tração do ca­pital pode criar ter­renos fa­vo­rá­veis ao papel his­tó­rico da re­li­gião como ópio do povo.

(con­tinua)



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