Eleições na Grécia

O descrédito dos grandes partidos

Os dois mai­ores par­tidos perdem 35% das in­ten­ções de voto

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Cons­ci­ente da crise po­lí­tica que o país atra­vessa, o pri­meiro-mi­nistro Lucas Pa­pa­demos de­clarou, dia 11, numa men­sagem te­le­vi­siva, que «a es­colha que vamos fazer [nas pró­ximas elei­ções] vão de­ter­minar o fu­turo do país para as pró­ximas dé­cadas».

À frente de um go­verno de co­li­gação cons­ti­tuído pelos so­ciais-de­mo­cratas do PASOK, pelos con­ser­va­dores da Nova De­mo­cracia (ND) e pela di­reita LAOS, Pa­pa­demos sabe que os dois grandes par­tidos, que até agora se al­ter­naram no poder, per­deram grande parte do apoio so­cial que ti­nham.

Se até à de­missão de Gueór­guios Pa­pan­dreou (PASOK) em No­vembro, os con­ser­va­dores ha­viam ca­pi­ta­li­zado parte do des­con­ten­ta­mento po­pular, mos­trando-se con­trá­rios às duras me­didas de aus­te­ri­dade, com a sua en­trada no exe­cu­tivo de Pa­pa­demos e apro­vação de um novo pa­cote de cortes anti-so­ciais, o ND caiu abrup­ta­mente nas son­da­gens, que agora lhe atri­buem apenas entre 13 e 20 por cento das in­ten­ções de voto. Pior está to­davia o PASOK que re­colhe entre 10 e 15 por cento das pre­fe­rên­cias.

Juntos, os dois mai­ores par­tidos per­deram cerca de 35 por cento do seu elei­to­rado em com­pa­ração com as elei­ções de 2009. O PASOK perdeu cerca 25 por cento e o ND pelo menos dez por cento. Para for­marem go­verno te­riam de se co­ligar com ou­tras pe­quenas for­ma­ções.

À es­querda o Par­tido Co­mu­nista da Grécia, o Sy­riza e a Es­querda De­mo­crá­tica (DIMAR) contam cada um com perto de dez por cento das in­ten­ções de voto. Re­sul­tado se­me­lhante po­derá no en­tanto ser al­can­çado pelos dis­si­dentes do ND, reu­nidos no par­tido «Gregos In­de­pen­dentes».

So­mando os dois par­tidos de ex­trema-di­reita e os Verdes, que não vão além dos três por cento, mí­nimo exi­gido para eleger de­pu­tados, as son­da­gens in­dicam uma dis­persão de forças iné­dita desde a ins­tau­ração da de­mo­cracia em 1974, fa­zendo prever al­te­ra­ções pro­fundas no quadro po­lí­tico tra­di­ci­onal.

 

Mu­dança de fa­chada

 

Para os co­mu­nistas gregos, qual­quer go­verno que saia destas elei­ções não es­tará à al­tura de re­solver os graves pro­blemas do país, in­de­pen­den­te­mente das in­ten­ções que de­clare. «Mesmo o go­verno que se afirme a favor dos tra­ba­lha­dores e do povo não pode fazer nada se não se apoiar no le­van­ta­mento e na or­ga­ni­zação do povo», como de­fende o KKE. «Isto porque o ini­migo não está apenas no Par­la­mento, o ini­migo está so­bre­tudo nos grandes grupos eco­nó­micos, na classe da bur­guesia», de­clarou, dia 9, em con­fe­rência de im­prensa, a se­cre­tária-geral do KKE, Aleka Pa­pa­riga.

«E como sabem os grandes grupos não pedem votos ao povo, não con­correm aos es­cru­tí­nios elei­to­rais, mesmo se al­guns par­ti­cipam nos par­tidos do­mi­nantes». Porém, votar contra o ND ou o PASOK não sig­ni­fica votar contra a classe que eles re­pre­sentam, acres­centou Pa­pa­riga, ex­pli­cando que ou­tros par­tidos po­derão ajudar a de­corar a fa­chada do pró­ximo go­verno, mas «o re­sul­tado será o mesmo: estes go­vernos serão ine­vi­ta­vel­mente ins­tru­mentos da bur­guesia e de­verão ne­ces­sa­ri­a­mente en­trar em con­flito com o povo».



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