Por que participam as mulheres na greve geral

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Ofensiva social e laboral

Os conteúdos gravosos das propostas de alteração da legislação laboral, acordados entre o Governo PSD/CDS-PP, patronato e UGT, para votação na Assembleia da República, em simultâneo com o ataque aos serviços públicos, às funções sociais do Estado e o agravamento geral do custo de vida, são razões fundamentais para uma forte participação na greve geral, oportunamente convocada pela CGTP-IN.

Esta ofensiva social e laboral faz parte de um processo mais vasto de retrocesso civilizacional, de ataque ao emprego, de alargamento da pobreza e das desigualdades, de fragilização da democracia, de destruição do aparelho produtivo, de afrontamento aos valores de Abril e ao projecto de sociedade consagrado na Constituição da República Portuguesa.

Por isso fazer greve geral significa rejeitar este rumo de recuo histórico nos locais de trabalho e no País e persistir na defesa dos direitos conquistados e consagrados na contratação colectiva, dos valores de progresso social, do futuro dos trabalhadores e das futuras gerações, da própria independência e soberania nacionais.

Fátima Messias, da Comissão Executiva da CGTP-IN

 

Existe uma alternativa e há que lutar por ela

A pretexto da «crise» o Governo impõe-nos mais e mais sacrifícios – e agora mais um ataque aos nossos direitos: despedimentos facilitados, precariedade à vontade dos patrões, trabalhar mais e receber menos… não há dinheiro, dizem eles.

Mas o dinheiro anda por aí, e é tamanha a grandeza do roubo que custa a acreditar. Todos os dias os «milhões» ou os «mil milhões» da riqueza produzida por todos nós são pilhados pelas troikas, pela banca, pelo capital.

As mulheres conhecem bem os efeitos deste pacto de agressão e exigem a ruptura com esta política de roubo constante. Existe uma alternativa e há que lutar por ela! A greve geral é um dia de luta muito importante.

Isabel Cruz, técnica superior da Administração Local e dirigente da Associação a Mulher e o Desporto

 

Uma luta de todos

Atendendo à dramática situação que o povo português atravessa, fruto das políticas levadas a cabo pelos sucessivos governos, é de extrema importância a participação de todos, homens e mulheres, na greve geral que amanhã terá lugar em todo o País. Uma luta em defesa de melhores condições de vida e de trabalho, em especial para as mulheres, e por serviços públicos de qualidade, acessíveis em todas as regiões do País. Só assim conseguiremos alcançar um Portugal mais justo e mais igualitário. Viva a greve geral!

 

Berta Santos, da Associação das Mulheres Agricultoras e Rurais Portuguesas

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São tantas as contas e tão pouco dinheiro

 

Trabalho para o município de Faro há 24 anos e recebo um salário 683 euros mensais. O dinheiro não me chega para as despesas. Moro no Bairro Social da Atalaia, em Faro, e a minha renda começou por ser de cinco euros, mas agora tenho aumentos de 12 euros e a previsão é de que, no futuro, a renda chegue aos 400 euros por mês. A esta despesa acresce uma factura de gás de 63 euros e de água de 53 euros. São tantas as contas e tão pouco o dinheiro, que já não sei o que fazer. É por isso também que estou de acordo com a greve. Há muita gente desempregada no Algarve, e temos que fazer qualquer coisa.

 

Leonor, da Divisão de Limpeza Urbana da Câmara de Faro

  

Lutar por uma vida mais feliz

 

A greve geral representa a voz e a acção colectivas de protesto contra a política de destruição das conquistas de Abril que tem sido conduzida com um objectivo preciso: subjugar o povo trabalhador ao poder do grande capital.

Cada dia que passa há mais e mais desemprego, fome, desamparo social e doenças por falta de cuidados básicos. Na primeira fila das vítimas estão os mais vulneráveis: crianças, mulheres, idosos. Também os jovens, sem meios para prosseguir estudos ou, já com o curso terminado, sem emprego e sem perspectivas, estão remetidos à marginalidade ou à emigração.

É preciso, é urgente avisar toda a gente. A greve do dia 22 de Março será esse aviso, um passo para a tomada de consciência de que a força organizada das massas populares esclarecidas pode travar e inverter o rumo desta política. As mulheres, conscientes da sua energia e poder, devem aderir à greve, manifestando, assim, a sua determinação na luta por uma vida mais feliz.

 

Conceição Bacelar, médica


Eles têm medo da nossa força

 

Vale a pena fazer greve, porque muda sempre qualquer coisa. Há sempre um arrepiar de caminho, quando estão em cima da mesa decisões para serem tomadas. Eles [Governo] têm medo da força dos trabalhadores. Enquanto professora [do primeiro ciclo em Olhão], não me faltam razões para aderir à greve: as alterações da carreira docente, a desvalorização dos professores, o congelamento e corte nos salários, os cortes das verbas dos municípios para a manutenção das escolas, a falta de transportes escolares, etc., etc. Associados a estes problemas acresce o aumento do custo de vida que já é incomportável para a maioria das pessoas.


Ema Neves, professora


O ordenado diminui

Eu sou colega de trabalho da Leonor, e também estou de acordo com a greve. Como se não bastasse estarem a roubar os subsídios aos trabalhadores, no nosso caso ainda temos o problema do aumento, para o dobro, das áreas de limpeza destinadas a cada trabalhadora. Trabalhamos por tarefa. A área aumenta, as horas são as mesmas e o ordenado diminuiu. É preciso fazer qualquer coisa para que isto mude.


Bernardete, da Divisão de Limpeza Urbana da Câmara de Faro

 


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A luta vai continuar nos locais de trabalho e na rua

As comemorações do Dia Internacional da Mulher, que prosseguem por todo o País, têm lugar num quadro da mais violenta ofensiva contra os direitos das mulheres e a sua luta emancipadora. Estas iniciativas são um importante contributo na mobilização das mulheres, em especial das mulheres trabalhadoras, para a adesão à greve geral de amanhã, convocada pela CGTP-IN.

Alguns dados

Desemprego No País, a taxa de desemprego feminino é de 14,1 por cento (a masculina é de 13,9 por cento), sendo que as mulheres constituem 52,5 por cento dos desempregados registados nos centros de emprego.   Precariedade Na região de Lisboa, um quarto das trabalhadoras tem um contrato...