Na sessão de apresentação do livro 12 Fugas das Prisões de Salazar, das Edições Avante!, realizada em Peniche (de que demos conta no nosso jornal), Jaime Serra fez uma intervenção onde, para além de se referir à obra, de que é organizador, abordou a actual situação política do País. Para o histórico militante comunista, a ditadura fascista, «derrubada com a Revolução de 25 de Abril, deu lugar à ditadura do grande capital», acrescentando que «vivemos a época da crise geral do capitalismo o qual tenta, por todos os meios, espoliar os trabalhadores dos direitos adquiridos».

Realçando que o «desemprego aumenta todos os dias e a miséria alastra por todo o País», Jaime Serra denunciou a imposição de «cada vez mais sacrifícios» aos trabalhadores e ao povo, exemplificando com o aumento dos impostos e do horário de trabalho, o roubo dos subsídios de Natal e de Férias, o corte nos salários, nas reformas e nas férias e o brutal agravamento dos preços dos produtos de primeira necessidade». Assim, concluiu Jaime Serra, «só nos resta continuar a luta por todos os meios ao nosso alcance». Os tempos que aí vêm, acrescentou, serão de grandes lutas que conduzirão certamente à criação de uma «situação revolucionária que vai exigir dos comunistas um grande esforço para orientar os trabalhadores e o povo na justa direção».

Após citar as palavras finais do livro, «nos dias de hoje a nossa luta, ao serviço dos trabalhadores e do povo português, é dirigida contra um regime corrupto, apoiado numa direita reacionária servida por sucessivos governos ao serviço dos grandes interesses económicos, apostados em destruir as conquistas de Abril e cuja política arrasta para a miséria a grande maioria do povo português», Jaime Serra afirmou que «apoiados na luta e no trabalho criador dos trabalhadores e do povo estamos certos de que libertaremos Portugal do domínio imperialista e do capitalismo explorador». E concluiu, numa manifestação de coerência e confiança: «lutamos por uma democracia avançada, lutamos pelo socialismo e pelo comunismo».