2012: ANO DE LUTA
«2012 poderá vir a ser, também, um ano de viragem»
Estes dias da quadra do Natal e do Ano Novo foram marcados por uma forte intensificação da ofensiva ideológica ao serviço da política das troikas e da sua acção nefasta para Portugal e para os portugueses.
A ideologia das inevitabilidades, da resignação, do conformismo, do tem-que-ser, da aceitação passiva das desgraças –
Os males que aí vêm, e que recairão exclusivamente sobre os trabalhadores e o povo, são fraudulentamente apresentados como coisa natural e inevitável, como coisa que «toca a todos» e que «a todos» exige «sacrifícios», «coragem», «esperança» e blá-blá-blá, com isso absolvendo os responsáveis concretos por esses males e favorecendo os mesmos de sempre; com isso fazendo recair sobre os mesmos de sempre todo o peso das consequências de uma política de desastre nacional; com isso procurando criar condições para o prosseguimento dessa mesma política como se de coisa nova e resolutiva se tratasse.
Nessa ofensiva se insere a chamada «mensagem de Ano Novo» do Presidente da República – na qual, uma vez mais e como é seu hábito, Cavaco Silva assobiou para o ar quer em relação às responsabilidades que tem na execução da política de direita que conduziu o País ao estado em que está, quer em relação ao apoio entusiástico que deu ao pacto de afundamento de Portugal assinado pelas duas troikas.
Por isso não são para levar a sério os lamentos de Cavaco Silva, o seu pesar quase lacrimoso pela situação dos desempregados, dos idosos… – e muito menos o são os seus apelos à coragem dos portugueses… O Presidente da República deveria saber que não pode ter sol na eira do pacto das troikas e chuva no nabal das desgraças causadas pelas troikas…
Como incisivamente acentuou Jerónimo de Sousa, na conferência de imprensa de segunda-feira passada, Cavaco Silva «tem de resolver a contradição em que caiu, pois não pode estar bem com o pacto de agressão e mal com as injustiças que ele provoca».
Entretanto, o Governo PSD/CDS prossegue a sua política de pilhagem nacional, de roubo aos trabalhadores e ao povo, de afundamento do País.
O violento agravamento dos preços dos bens e serviços essenciais já a ser posto em prática, mais o que está em preparação, constituirão, para milhões de portugueses – já a sofrerem o flagelo do desemprego maior de sempre desde o fascismo, dos baixos salários, das pensões de miséria, da pobreza, da miséria, da fome – uma tragédia social de consequências incalculáveis.
Estamos perante um assalto a tudo quanto o povo português conquistou com a sua luta, ao longo de décadas e décadas.
O Governo anuncia uma política de brutal acentuação da exploração dos trabalhadores e de saque dos recursos nacionais – tudo, em benefício exclusivo dos grandes grupos económicos e financeiros nacionais e estrangeiros; tudo, roubando aos trabalhadores e ao povo português o direito a uma vida digna, o direito à esperança que a Revolução de Abril lhes mostrou ser possível.
E, sempre ao serviço dos interesses do grande capital, o Governo prepara-se para vibrar novas e violentas machadadas na legislação laboral, roubando direitos históricos aos trabalhadores e às suas estruturas de classe – e, num assumido regresso ao passado, procura impor um aumento do horário de trabalho que, a concretizar-se, faria regredir as condições laborais para os tempos mais negros do fascismo.
Há que dizer «basta!» a este processo de liquidação total do que resta da democracia avançada de Abril.
Há que rejeitar inequivocamente esta política e o pacto das troikas que a suporta.
E há que dar à luta de massas a força e a expressão necessárias para impor uma política democrática, patriótica, de esquerda, ao serviço dos trabalhadores, do povo e do País.
Porque é na luta – e só na luta – que se encontra o caminho do futuro.
Não parecem restar dúvidas de que o ano de 2012 será, para a imensa maioria dos portugueses, um ano pior do que o que passou – e que só para uma imensa minoria será melhor do que 2011.
Mas 2012 poderá vir a ser, também, um ano de viragem.
Com efeito, muito é possível, e necessário, fazer para não deixar que as coisas corram ao sabor dos desejos, das vontades e dos objectivos dos protagonistas da política de direita e daqueles cujos interesses defendem – todos eles destilando ódio de classe, todos eles sonhando com vinganças e represálias face às conquistas dos trabalhadores que noutros momentos foram forçados a ceder.
É possível, com a luta, barrar o caminho a esta política de exploração, de liquidação das condições de vida do povo, de desastre nacional.
É possível, com a luta nas empresas e locais de trabalho, em milhares de plenários de esclarecimento e de mobilização, combater e impedir a aplicação do aumento do horário de trabalho.
É possível, com a luta das populações organizadas nas suas comissões de utentes, impedir a destruição dos serviços públicos essenciais.
Porque com a luta tudo é possível.
E sendo certo, para já, que 2012 vai ser esse ano pior de todos desde os tempos do fascismo, não é menos certo que, como sublinhou o Secretário-geral do PCP ele será «um ano de vigorosas e poderosas lutas contra a exploração e o empobrecimento, contra a política de desastre nacional, por um Portugal com futuro».
E será isso que vai contar.