Sindicatos vão ampliar e intensificar a luta

Greve exemplar nos transportes

Uma acção de protesto e luta foi marcada, sábado, para a segunda semana de Dezembro, no 2.º Congresso da Fectrans/CGTP-IN, que valorizou o sucesso da greve geral no sector e decidiu intensificar a luta.

Contra privatizações, despedimentos e supressão de transportes

A greve geral foi «um momento importante de unidade na acção que tem de ser potenciada, em torno dos principais objectivos reivindicativos», consideraram os delegados ao Congresso da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações, numa carta reivindicativa aprovada no Auditório do Metropolitano de Lisboa, no Alto dos Moinhos.

Os delegados aprovaram a realização de uma acção de protesto e luta na primeira quinzena de Dezembro, «contra as privatizações e as alterações orgânicas propostas no Plano Estratégico de Transportes».

À primeira hora do dia da greve, a Fectrans revelou que se registava uma «adesão quase total» dos trabalhadores, com a paralisação total do tráfego aéreo, do sector marítimo e fluvial, do Metropolitano de Lisboa e de quase toda a circulação da CP e da CP Carga.

Nos CTT, nos turnos da noite nos centros de tratamento e transporte e em muitos centros de distribuição, a adesão média foi na ordem dos 85 por cento.

Semelhante cenário teve o sector rodoviário, designadamente na Carris (80 por cento), onde houve trabalhadores pressionados a cumprir serviços mínimos. Na STCP (90 por cento), a frota ficou totalmente parada e os serviços mínimos decretados pela administração foram incumpridos.

No sector ferroviário (98 por cento na CP, CP Carga, EMEF e Refer) também se registou o mesmo tipo de pressões das administrações. As oficinas da EMEF estiveram paradas, à semelhança de quase todo o tráfego ferroviário de passageiros e mercadorias. Na CP, os trabalhadores suprimiram 22 circulações escalonadas para esses serviços.

Na Fertagus a adesão foi de 75 por cento, e no Metropolitano de Lisboa de 100 por cento, com as estações fechadas.

Nos rodoviários da TST, a adesão foi de 70 por cento, na Rodoviária D'Entre Douro e Minho, em Braga, a paralisação foi total e na Moisés Correia de Oliveira lutaram 80 por cento dos trabalhadores.

Nas fluviais Soflusa e Transtejo (100 por cento) houve paragem total dos barcos.

Ainda no sector marítimo, nenhum navio pôde entrar em portos nacionais, devido à força da luta dos portuários.

A luta no sector teve o apoio solidário do Movimento de Utentes dos Serviços Públicos, das comissões de Utentes da Carris e dos Transportes da Margem Sul do Tejo. Na Lamarosa (Torres Novas) e em Sintra, utentes cortaram pacificamente a circulação ferroviária, ao início da manhã, impedindo a circulação de comboios durante algum tempo.

 

Brutalidade, prepotência e ilegalidades

 

«Em todas as estações da Carris, o corpo de intervenção da PSP interveio usando a força para impedir os piquetes de greve de exercerem a sua actividade», acusou Manuel Leal, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Sector Rodoviário e Urbano de Portugal (STRUP/CGTP-IN). A empresa ameaçou os trabalhadores notificados para o cumprimento de serviços mínimos com processos disciplinares e despedimentos, revelou, acusando a Polícia de Intervenção de ter feito «uso da força física e impedido a acção pacífica dos piquetes, regulada nos termos da lei».

Os piquetes não provocaram qualquer alteração da ordem pública, num sector onde foi decretada, como «serviço mínimo», 50 por cento da circulação em 13 carreiras, explicou.

Na CP, em Pampilhosa, a intervenção das forças policias forçou à substituição de trabalhadores em greve e na estação de Caíde um sargento da GNR agrediu um dirigente sindical no piquete de greve.

Os sindicatos do sector anunciaram que impugnarão os serviços mínimos decretados.



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