O povo não aguenta!
Na quinta-feira, 8, as comissões de utentes dos transportes públicos de Coimbra e de Almada organizaram acções de protesto contra os aumentos dos preços dos transportes públicos. As iniciativas contaram com a presença de largas dezenas de pessoas.
O Governo já anunciou novos aumentos para Janeiro
«Ao longo dos últimos anos, os governos PS e PSD/CDS decidiram aumentar impostos e reduzir os direitos dos portugueses, fazendo os trabalhadores, reformados, desempregados e jovens pagar a factura de uma crise gerada por anos e anos de políticas que favoreceram os senhores do dinheiro e os mais ricos», lê-se num comunicado distribuído na ocasião à população de Coimbra, onde se dá conta de que o actual Governo decidiu, agora, lançar um novo ataque aos portugueses, decretando um novo aumento dos transportes públicos, que, em algumas situações, chegou aos 30 por cento.
No protesto foi ainda aprovada, por todos, uma moção que repudia todos os aumentos verificados e onde se exige à Câmara e à Assembleia Municipal de Coimbra a manutenção dos bilhetes e passes em vigor nos transportes públicos da cidade, além da atribuição de indemnizações compensatórias aos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra por parte do Governo.
Também em Almada, na presença de largas dezenas de pessoas, foi aprovada uma moção que apela à «necessidade de unir esforços e lutar» contra a política de direita.
«Para além deste verdadeiro roubo aos rendimentos dos utentes [transportes, impostos, electricidade, gás, medicamentos, taxas moderadoras, entre outros bens essenciais], o Governo desferiu o maior golpe contra o passe social intermodal, ao criar o chamado "passe social +", cujo acesso é só para quem tem rendimentos líquidos até 485 euros», acusam os utentes, explicando que o objectivo «é retirar a universalidade do direito ao passe social intermodal à esmagadora maioria dos portugueses».
Entretanto, para Janeiro de 2012, o Governo já anunciou novos aumentos de valores semelhantes aos de Agosto, o que significa que em apenas seis meses os transportes vão aumentar cerca de 40 por cento. Ao mesmo tempo, as empresas públicas, por determinação governamental, estão a diminuir a oferta, isto é, a proceder a cortes significativos de carreiras, prejudicando e comprometendo a mobilidade das populações.
Tudo isto, acusam os utentes, em nome do défice das empresas públicas de transportes, «situação que é da exclusiva responsabilidade dos vários governos dos partidos da troika [PS, PSD e CDS], que sempre apoiaram o sector privado em detrimento do público».
Acções de protesto
Dias antes, junto à Estação de Setúbal, realizou-se uma outra acção de protesto, que juntou cerca de uma centena de pessoas e contou com a solidariedade das juntas de freguesia de São Sebastião e do Sado. Este foi o culminar de várias acções de contacto com os utentes dos diversos transportes públicos, que manifestaram a sua firme oposição ao maior aumento de preços verificado em Portugal, associando-se, por isso, à manifestação convocada pela CGTP-IN para o próximo dia 1 de Outubro, em Lisboa.
No final, os utentes interromperam simbolicamente o trânsito na Estrada dos Ciprestes durante 20 minutos, promovendo contactos com os automobilistas, também eles afectados pela escalada de aumento dos preços.
No dia 30 de Agosto, o Movimento de Utentes dos Serviços Públicos (MUSP) e a União dos Sindicatos de Lisboa promoveram, em Alhandra, uma acção de protesto e condenação pela carga policial exercida no dia anterior, numa outra iniciativa de luta que levou ao corte das linhas ferroviárias e consequente suspensão da circulação de comboios. Para além da denúncia desta situação, os participantes, mais de uma centena, exigiram o imediato arquivamento do inquérito judicial movido contra os dois cidadãos que foram detidos e o apuramento de responsabilidades, manifestando também o seu protesto e oposição ao brutal aumento dos custos de bens e serviços, com realce para o aumento dos transportes e a limitação no uso do passe social.
Em nota de imprensa, a Comissão de Utentes da Linha do Sado manifestou a sua «total solidariedade» para com os utentes dos transportes ferroviários que «exerceram o seu direito constitucional e foram vítimas de intimidação e agressão por parte das forças policiais». «Violenta é esta política de roubo descarado aos utentes de serviços públicos, nomeadamente dos transportes, política esta que visa não só baixar os rendimentos dos trabalhadores e suas famílias, como facilitar o processo de privatização de linhas ferroviárias em curso», critica a comissão de utentes.