O povo não desarma
Dezenas de milhares de marroquinos voltaram a manifestar-se pela democracia e por melhores condições de vida. Em Casablanca, Rabat ou Tanger, os participantes nos protestos exigiram uma mais justa distribuição da riqueza e combate à corrupção, e o fim do poder despótico de Mohammed VI e da elite política e económica que domina o país.
As acções do passado domingo ocorreram dez dias depois da aprovação de emendas constitucionais, promovidas pela monarquia, que alegadamente reforçam o poder do primeiro-ministro e do parlamento, mas mantêm a ascendência discricionária do rei na política, economia, justiça, forças armadas e religião.
Os contestatários rejeitam a lisura do referendo no qual a esmagadora maioria do povo de Marrocos terá votado favoravelmente as propostas de Mohammed VI. Acresce que é o próprio governo quem admite que o texto constitucional apreciado pelos eleitores foi alterado um dia antes do sufrágio.
De acordo com informações divulgadas pela agência de notícias marroquina, a mudança de última hora não foi comunicada. Outros órgãos de comunicação social local, citados pela Lusa, adiantam, por seu lado, que a «rectificação» teve como objectivo garantir ao monarca mais poder na hora de designar os membros do Tribunal Constitucional.