CÁ ESTAMOS, NA LUTA
«Com esta política, este Governo e este Programa, o que espera Portugal é o naufrágio»
Procedendo à avaliação da situação política nacional e dos seus mais recentes desenvolvimentos, o Comité Central do PCP definiu as principais linhas de acção e iniciativas do Partido, visando dar resposta à brutal arremetida da política de direita em curso no momento actual.
Questão prioritária é, naturalmente, o prosseguimento e a intensificação da luta das massas trabalhadoras e populares, na medida em que só através dela é possível derrotar esta política de declínio nacional e conquistar uma política patriótica e de esquerda.
Tratando-se de uma luta na qual o PCP, com a sua intervenção, desempenha um papel determinante – e sendo certo que a luta de massas será tanto mais forte quanto mais forte for o Partido, e vice-versa - na ordem de trabalhos da reunião do CC esteve presente a necessidade de reforço do Partido e do envolvimento de todo o colectivo partidário na acção «Avante! Por um PCP mais forte!», levando por diante as linhas de trabalho definidas pelo XVIII Congresso.
É esse mesmo envolvimento que se aponta como indispensável para a construção da Festa do Avante!, com a participação nas jornadas de trabalho e a divulgação, promoção e venda da EP.
Desta vez executada por um governo PSD/CDS – mas contando com o habitual apoio do PS e com a empenhada colaboração do Presidente da República – a política de direita aí está, igual ao que sempre foi ao longo dos seus trinta e cinco anos de vida e, por isso mesmo, indo mais longe do que foi em todos os anteriores governos: flagelando com crescente brutalidade os trabalhadores e o povo; favorecendo com crescentes favores os grandes grupos económicos e financeiros; desprezando e violando a Constituição da República Portuguesa; roubando mais e mais independência e soberania a Portugal; ferindo de morte tudo o que lhe cheire a Abril; cavando mais fundo o afundamento do País.
E aí está o Governo de turno, com a composição adequada para cumprir à risca a decisão da troika ocupante e, por isso mesmo, com um Programa que constitui uma verdadeira declaração de guerra aos trabalhadores, ao povo e ao País – que urge travar e derrotar, porque com esta política, este Governo e este Programa, o que espera Portugal é o naufrágio.
Sublinhe-se que o roubo de metade do subsídio de Natal aos trabalhadores e aos reformados – gigantesco assalto à mão armada à Consoada de 3 milhões de famílias – é apenas uma pequena amostra da acção devastadora que o Governo PSD/CDS se propõe levar a cabo contra Portugal e os portugueses.
Com efeito, o que aí vem é um brutal ataque aos direitos dos trabalhadores e às suas organizações de classe, tendo como alvos principais a legislação laboral, o emprego, a facilitação dos despedimentos, a contratação colectiva; o que aí vem é um brutal ataque ao interesse nacional, com a oferta de mão beijada ao grande capital de tudo o que dá lucro e indo mais longe, em matéria de privatizações, do que foi o regime fascista; o que aí vem é o agravamento da situação económica do País, a acentuação das injustiças sociais, o agravamento das condições de trabalho e de vida dos trabalhadores e do povo. Em resumo: o que aí vem é mais exploração, mais e maiores problemas, mais pobreza, mais miséria, mais fome, para a imensa maioria dos portugueses; mais benefícios, mais lucros, maiores fortunas para a imensa minoria.
E ao contrário do que dizem os protagonistas da política de direita, nada legitima essa política e esse rumo para o País: nem o resultado eleitoral obtido por partidos que, em campanha eleitoral, recusaram debater o conteúdo do pacto de submissão – ele próprio ferido de ilegitimidade; nem a maioria de que dispõem PSD e CDS – mesmo que reforçada com o apoio do PS ao pacto de submissão e mesmo que contando com o apoio do Presidente da República – nada pode legitimar o que é democrática e patrioticamente ilegítimo.
É contra esta política de desastre e de afundamento do País; contra este pacto que fere o interesse e a dignidade nacionais; contra o insultuoso favorecimento ao grande capital opressor e explorador; contra este rumo antipatriótico e de direita que é preciso, imperioso e urgente lutar - contrapondo-lhe uma política patriótica e de esquerda, que assegure o desenvolvimento e o progresso do País; que rejeite o pacto da submissão e o Programa do Governo que visa materializá-lo; que ponha termo à existência de portugueses de primeira e de segunda, deixando de privilegiar exclusivamente os grandes grupos económicos e financeiros e privilegiando prioritariamente os interesses da imensa maioria dos portugueses.
Assim, desenvolver, intensificar e ampliar a luta de massas coloca-se como questão primordial para os trabalhadores, para a juventude, para o povo português, já que é nas suas mãos que está a possibilidade de mudança.
E ao apontar o caminho da luta como o único capaz de alterar a situação em que vivemos e o rumo de declínio para onde nos querem empurrar, o Comité Central sublinhou que, nessa luta, hoje como sempre ao longo de nove décadas, os trabalhadores sabem que podem contar com o PCP.
No decorrer da campanha eleitoral, o camarada Jerónimo de Sousa afirmou repetidas vezes que fosse qual fosse o resultado das eleições, no dia seguinte a luta continuava, com os comunistas na primeira fila.
Palavras ditas, palavras cumpridas: cá estamos, nas empresas e locais de trabalho, nas instituições, em todo o lado onde se luta e é necessário lutar, com os trabalhadores da CP ou dos Estaleiros de Viana ou mobilizando para a semana de luta convocada pela CGTP, de 11 a 17 de Julho.
Cá estamos, na luta.