Egipto
Pelo menos sete mil pessoas foram condenadas nos tribunais militares do país desde a queda do regime de Hosni Mubarak, a 11 de Fevereiro deste ano. Esta onda de julgamentos nas instituições da justiça castrense não tem paralelo sequer nos tempos da ditadura.
A maioria dos condenados foram acusados de saque, intimidação ou fogo posto, mas centenas de outros têm sido enviados para a prisão por criticarem os militares nas ruas ou o Conselho Supremo das Forças Armadas, que dirige o país desde a queda de Mubarak.
Os réus não podem reunir-se mais de cinco minutos com o causídico, acusam organizações de direitos humanos, que denunciam igualmente que quando o defensor legal pede mais tempo para analisar a acusação, o juiz manda-o substituir por outro.
Alguns ex-presos ouvidos por ONG´s indicam ainda que os militares procedem à fabricação de provas da sua implicação em actos violentos nas manifestações, torturam e abusam dos detidos.
As autoridades militares no poder no Egipto escusam-se a explicar por que é que os jovens que aderiram aos protestos populares são julgados em tribunais militares, e os ex-funcionários e dirigentes do regime, acusados de corrupção, assassinato, uso indevido e desvio de fundos públicos, entre outros crimes, são presentes a tribunais civis.