Reagindo faz hoje oito dias à revisão em alta do défice para 2010, o deputado comunista Honório Novo considerou que esta actualização vem confirmar o acerto e a justeza da posição do PCP quando «rejeitou claramente» a nacionalização do BPN e a última versão do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC).
Em sua opinião, «é tempo de o Governo deixar de se vitimizar como tem feito nos últimos tempos e de tentar acusar o PCP pelo facto de ter proposto a rejeição do PEC IV».
«Fizemo-lo bem e ainda bem que foi rejeitado porque o que o Governo queria era que os portugueses pagassem ainda mais a impunidade financeira» em vez de exigir esse pagamento «a quem foi responsável pela crise e a quem tem meios financeiros para o fazer, isto é, o sistema financeiro», sustentou Honório Novo, convicto de que é por isso que «o Governo tenta desviar as atenções e acusar terceiros daquilo que é a sua única responsabilidade».
O parlamentar comunista chamou ainda a atenção para a circunstância de o PCP ter sido «o único partido que rejeitou claramente a nacionalização do BPN» que «se traduz agora num buraco de 1800 milhões de euros ou um por cento do PIB» e em «buracos no sistema financeiro que agora os portugueses estão a pagar».
E para que a culpa não morra solteira, salientou que «os responsáveis são o Governo e os partidos que viabilizaram a nacionalização do BPN, aprovando ou abstendo-se».
O deputado, que falava aos jornalistas no Parlamento, apontou ainda a existência na revisão anunciada pelo INE de «um novo buraco financeiro», o do BPP.
«Agora vamos também pagar 450 milhões de euros do buraco do BPP pelas garantias bancárias prestadas a um sindicato bancário que meteu lá 450 milhões de euros», verberou.
Recorde-se que a revisão anunciada pelo INE eleva o défice para 2010 de 6,8 por cento para 8,6 por cento – 1,8 ponto percentuais –, alteração motivada pela incorporação nas contas nacionais de valores relativos ao Banco Português de Negócios (BPN), às empresas de transporte e ao Banco Privado Português (BPP).