Ocupantes prosseguem crimes
Pelo menos nove civis morreram, no final da semana passada, em bombardeamentos das forças ocupantes no Afeganistão. Na província de Helmand, sexta-feira, sete pessoas foram vítimas de um ataque aéreo da NATO, entre as quais duas mulheres e três crianças, sorte idêntica à de uma outra criança e um adulto abatidos, no dia anterior, em Khost.
De acordo com a ISAF, que não adianta o número de vítimas, o sucedido em Helmand ficou a dever-se ao ataque a um suposto chefe da guerrilha talibãn, indivíduo que, segundo apurou a Reuters, o comandante britânico Tim James não confirma ter sido encontrado no veículo. Já em Khost, os dois afegãos morreram atingidos pelos estilhaços quando um helicóptero ao serviço da Aliança Atlântica alvejou o carro onde viajava o alegado chefe dos rebeldes no distrito de Zayi. As tropas afegãs informaram, posteriormente, que não foram encontradas armas no automóvel, mas escusaram-se a avançar pormenores sobre a identidade do ocupante do veículo e terceira vítima do raide.
Paralelamente, do outro lado da fronteira, no Norte do Paquistão, os EUA prosseguem a campanha sangrenta contra supostos bastiões talibã. O último episódio desta guerra suja foi a morte de pelo menos 44 pessoas após o ataque de um avião não-tripulado, em Dattakhel, a 17 de Março.
Meios de comunicação paquistaneses dão conta de que o comandante da ISAF, general David Petraeus, justificou o sucedido junto do chefe do Estado-Maior do Paquistão, mas fonte anónima ligada às forças ocupantes negou terminantemente estas informações, abstendo-se de comentar, igualmente, o pretenso pagamento de indemnizações aos familiares das vítimas, noticiado pela agência do Warizistão.
Soldados acusados
Entretanto, um soldado norte-americano foi condenado por um tribunal militar a 24 anos de prisão. Jeremy Morlock foi acusado, entre outros crimes, da morte de três civis afegãos, mas escapou à pena perpétua depois de aceitar testemunhar contra os restantes quatro soldados envolvidos nos crimes, pertencentes à eufemisticamente denominada «brigada disfuncional».
Os cinco militares simulavam situações de combate para matarem civis. Fotografias dos tropas em pose junto dos cadáveres foram publicadas, a semana passada, pela revista alemã Der Spiegel.
Nenhum oficial das forças armadas dos EUA foi acusado de qualquer crime, e o Pentágono conduz o processo no já habitual silêncio de chumbo, com o qual tem contribuído para ilibar as altas esferas militares e políticas.
Organizações não-governamentais afirmam que em 2011 já morreram pelo menos uma centena de civis em resultado de operações dos ocupantes. A agência Kali Yuga afirma, por seu lado, que as tropas da NATO procedem ainda à destruição de aldeias e campos de cultivo obrigando ao êxodo de milhares de famílias.