Malangatana – grande artista e resistente
Malangatana Valente Nguenha, uma das mais destacadas figuras da cultura moçambicana, faleceu aos 74 anos na madrugada de dia 5 no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, após doença prolongada.
Num telegrama de condolências enviado ao partido FRELIMO e à família de Malangatana, o Secretariado do Comité Central do PCP lamenta a perda do «multifacetado artista moçambicano, com projecção mundial, que teve perante a sua época a atitude coerente de resistente anticolonialista na luta pela independência do seu país e pelo progresso do seu povo».
Na missiva, o PCP refere ainda que o «artista inspirado e comprometido em vários países do mundo, honrou também o nosso Partido com a sua amizade», que simbolizou com a oferta de um mural em 1998, obra que esteve exposta na Festa do Avante!.
«Pintor, escultor, ceramista, músico, poeta, a obra de Malangatana alia a força telúrica do continente africano ao ímpeto libertador das culturas e povos que lutam e rompem as cadeias da opressão nacional, social, económica e cultural a que foram tão longamente sujeitos», lê-se ainda numa mensagem da Direcção do Sector Intelectual de Lisboa.
Também Francisco Lopes, candidato à Presidência da República, manifestou condolências «à FRELIMO, à família de Malangatana e ao povo de Moçambique» pelo falecimento desta «destacada personalidade da cultura moçambicana e activo lutador pela independência do seu país».
Malangatana deu aulas na Faculdade de Belas Artes do Porto, colaborou com a UNICEF e foi nomeado Artista pela Paz pela UNESCO. Em Portugal foi distinguido com a Ordem do Infante D. Henrique e, em 2010, recebeu o grau de doutor honoris causa da Universidade de Évora, onde realizou uma grande exposição retrospectiva de meio século de carreira artística.
Em Moçambique, para onde seguiu o seu corpo, o governo decretou luto nacional de dois dias a contar da data da realização do funeral oficial.