Resistência não dá tréguas
Pelo menos 13 militares e polícias morreram domingo no Afeganistão num par de ataques contra tropas ocupantes e forças afegãs. Na cidade de Kunduz, no Norte do país, os combates no campo de recrutamento do exército afegão, assaltado por quatro insurgentes, duraram todo o dia, provocando a morte a oito soldados e polícias.
Já na capital, Cabul, um comando armado com cintos de explosivos atacou um autocarro de transporte de recrutas que seguia para um outro centro de formação militar. Cinco soldados morreram e pelo menos outros nove resultaram feridos na acção realizada na estrada que liga a maior cidade do Afeganistão às províncias orientais. Ao longo deste percurso situam-se várias bases militares da NATO.
As iniciativas contra os ocupantes e as estruturas do governo afegão ocorreram quando o número de militares estrangeiros mortos este ano no território subiu para 700, cifra que representa 30 por cento do total de baixas admitidas pelos invasores desde o início da guerra, e situa-se muito acima dos 521 registados oficialmente no ano de 2009, considerado o pior período para os ocupantes desde 2001.
Em nove anos de conflito, o comando ocupante reconhece a morte de 2270 soldados, mas nesta contabilidade não entram os militares e os polícias afegãos ao seu serviço.
Karzai recua
Paralelamente, o presidente fantoche afegão, Hamid Karzai, recuou na intenção de expulsar do território, até ao fim deste ano, as empresas de segurança privadas, mandando dizer por intermédio de um conselheiro do Ministério do Interior que as 52 companhias creditadas vão passar a actuar de acordo com a lei e sob controlo mais apertado.
Karzai havia acusado as privadas de envolvimento em negócios ilícitos com senhores da guerra e corrupção. A pressão da secretária de Estado dos EUA levou o presidente a um primeiro recuo, traduzido no alargamento do prazo para o abandono das companhias de mercenários.
Vencido o ultimato a 17 de Dezembro, e sem qualquer alteração na presença das referidas empresas, o governo títere afegão mais não fez que dar a sua concordância perante um facto consumado: no Afeganistão permanecem milhares de mercenários encarregues da segurança dos ocupantes e respectivas estruturas de apoio, militares e diplomáticas.
Ainda assim, e de acordo com informações recolhidas pelo jornalista Carlos Santos Pereira para a Lusa, o governo afegão diz pretender a substituição progressiva das privadas por uma unidade especial da polícia local.