Questão palestiniana na agenda da América do Sul

Argentina e Brasil reconhecem Palestina

A Argentina e o Brasil reconheceram unilateralmente o Estado da Palestina dentro das fronteiras de 1967, e outros países da região vão seguir-lhes o exemplo.

Mercosul pode fazer Tratado de Livre Comércio com a Palestina

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Foto LUSA

A decisão, classificada por muitos observadores como «histórica», assume ainda maior importância tendo em conta que as duas grandes potências sul-americanas manifestaram igualmente o desejo de que o Mercosul faça um Tratado de Livre Comércio com a Palestina, a exemplo do que foi feito com Israel. A reacção de Telavive não se fez esperar. Condenando esta política de igualdade de tratamento, classificou-a de «decepcionante» e «lamentável».

É de crer que a «decepção» de Israel não se fique por aqui, uma vez que, ocupando o Brasil  um lugar no Conselho de Segurança da ONU até 31 de Dezembro de 2011, seja de admitir que venha a recomendar neste órgão o reconhecimento da Palestina como membro de pleno direito das Nações Unidas, tendo em conta que nas últimas quatro décadas este órgão aprovou inúmeras resoluções – sempre ignoradas por Israel – condenando a ocupação israelita dos territórios árabes e reconhecendo o direito dos palestinianos a um Estado independente.

Para já, tanto o Brasil como a Argentina anunciaram a intenção de abrir as respectivas embaixadas em Ramallah, embora sem perder de vista a reivindicação palestiniana ao direito a Jerusalém como capital do seu Estado.

Entretanto, seguindo o exemplo de Brasília e de Buenos Aires, também as autoridades de Montevideu assumiram a vontade de reconhecer o Estado Palestiniano. Mostrando que o debate está lançado na América do Sul, é provável que ao Uruguai se junte o Peru e o Chile. Neste último país o governo está a apreciar uma petição – apresentada pelo Partido Socialista – para o reconhecimento da Palestina, aguardando-se uma decisão nos próximos dias.

Ponto de viragem

Fontes diplomáticas israelitas reconhecem que se pode estar perante uma importante viragem política no continente sul-americano, não escondendo os receios de o exemplo brasileiro vir a ser seguido também pelo Equador, México e El Salvador. A verificar-se um tal movimento, não só o conjunto de mais de 100 países que reconhecem o Estado da Palestina – entre os quais se contam a China, Rússia e a Índia – ficaria substancialmente fortalecido, como a Europa, tanto ao nível da União Europeia como do Conselho da Europa, poderia sentir-se compelida a uma política mais consequente face à questão palestiniana.
Enquanto isso, em Telavive, o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu prossegue a sua política de intransigência e provocação. Esta segunda-feira, Netanyahu recebeu o emissário norte-americano para o Médio Oriente, George Mitchell, em Jerusalém. Na véspera do encontro, fez questão de se referir à cidade como «a capital eterna e indivisível do povo judeu»; no próprio dia, congratulou-se com o facto de os EUA terem deixado para segundo plano a questão dos colonatos e voltou a exigir que a Autoridade Nacional Palestiniana reconheça Israel com o «um Estado judeu» e aceite tratar das questões da segurança (de Israel) e do futuro dos refugiados palestinianos (a quem Israel não reconhece o direito ao regresso).



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