À medida que se aproxima o dia 24 de Novembro, as organizações e militantes do PCP intensificam a sua acção de mobilização para a greve geral entre os trabalhadores nas empresas e locais de trabalho.
«Ao Partido Comunista exige-se mais que solidariedade, exige-se mobilização, participação e organização para que a greve geral seja um êxito», afirmou Jerónimo de Sousa no encerramento da Assembleia da Organização Regional de Beja do PCP, realizada no domingo (ver página seguinte). Com esta frase, aparentemente tão simples, o Secretário-geral do PCP resumia aquilo que está a ser feito, por todo o País, pelas organizações do Partido.
A Organização Regional de Lisboa (ORL) está a distribuir um comunicado onde se afirma que a política seguida pelo PS, PSD e CDS-PP não é inevitável. Pelo contrário, trata-se de uma «opção de classe a favor dos capitalistas e contra os trabalhadores e o povo». Só isso explica que ao mesmo tempo que se corta nos salários, pensões e prestações sociais e se aumenta os impostos sobre o rendimento individual e o consumo, os lucros dos maiores grupos económicos nacionais não parem de crescer, sem o correspondente aumento da carga fiscal. Aliás, no Orçamento do Estado prevê-se mesmo uma diminuição das receitas de IRC...
A ORL destaca ainda outra dimensão da greve geral, para além do protesto – a afirmação da possibilidade e urgência de uma alternativa. Para os comunistas de Lisboa, «Portugal tem recursos imensos para proporcionar uma vida melhor ao povo português», mas é necessário, afirmam, uma política que «aposte no desenvolvimento da produção nacional, criando emprego produtivo, e valoriza os salários dinamizando a economia».
Também na Amadora o PCP está a apelar à adesão à greve distribuindo um comunicado, acrescentando razões que justificam fazer desta uma histórica jornada de luta dos trabalhadores. «Sabia que as medidas do Governo que vão subtrair em apoios sociais aos portugueses cerca de 3 mil milhões de euros eram desnecessárias se o Governo não tivesse enterrado 4 mil milhões no BPN?» Os 1700 milhões em benefícios fiscais que «escapam» por ano no off-shore da Madeira e a baixa tributação à banca, apesar dos seus elevados lucros (os quatro maiores lucraram mais de 5 milhões de euros por dia) são outras das razões apontadas.
Mobilizar nas empresas
Na EPAL, a célula do Partido emitiu um comunicado onde lembra que naquela empresa os salários foram congelados em 2010, situação que será agravada no ano que vem. O Governo pretende ainda roubar nas anuidades e nos subsídios, acusa o PCP, que lembra que o subsídio de alimentação passará de 8,39 para 4,27 euros. Também a extinção da Caixa de Previdência da EPAL está prevista, alerta a célula.
Os comunistas do grupo TAP também estão a fazer o seu papel na mobilização para a greve geral, lembrando que todos os trabalhadores do grupo sofrerão cortes superiores a cinco por cento nos seus salários. «Com a inflação nos dois por cento, o seu salário real diminuirá logo à partida esses dois por cento. A que acresce a proibição de qualquer valorização remuneratória, incluindo mudança de posicionamento nas carreiras e promoções, mesmo que já acordadas. E ainda uma redução de 10 por cento em todos os subsídios, suplementos remuneratórios, gratificações e demais prestações pecuniárias, designadamente senhas de presença, abonos, despesas de representação e trabalho suplementar, extraordinário ou em dias de descanso e feriados.» A isto soma-se ainda a redução do subsídio de almoço e ajudas de custo para as regras e valores da Função Pública...
Também nas empresas rodoviárias de passageiros está a ser distribuído um comunicado próprio, assim como no Shopping dos Olivais e na Câmara Municipal de Lisboa. No seu boletim O Postal da Luta, a célula do PCP nos Correios de Lisboa também dá o seu contributo para esta paralisação.